domingo, 31 de maio de 2009

Metrô

Como todo bom domingo em SP, o transito estava uma maravilha e o transporte publico funcionando de forma eficaz. Utilizei o metro hoje para acompanhar uma amiga até a rodoviaria e na volta tive o prazer de utilizar um dos 4 novos trens disponiveis na linha verde.

Sim, prazer ! O trem "cheira" a novo, tem ar condicionado e as janelas minimizam o ruido externo. Posso dizer até que a viagem foi bastante agradável! Por alguns momentos tive a sensação de estar no metro de Madrid, com trens novos e rapidos. Mentalmente comparei os principais sistemas de metro europeus. Londres sem dúvida possui o mais abrangente (e antigo também). Madrid o mais confortavel. Berlim o mais eficiente. Paris, Lisboa, Roma não apresentam nada em especial. Zurique apresenta os chamados "Tram", aqueles que percorrem trilhos colocados nas proprias ruas (os bondinhos de antigamente).

Mas por que estou falando sobre metrô? Primeiro para compartilhar com voces a satisfação de utilizar o transporte publico (coisa rara hoje em dia), segundo porque estes é um dos grandes gargalos do Brasil e merece nossa reflexão.

Tenho certeza que a grande maioria dos paulistanos gostaria de ver o metrô ampliado. Ainda que o governo do estado atualmente se esforce na expansão do metro, sabemos que ainda há um espaço muito grande até atingirmos uma rede satisfatoria. Também sabemos que metrô sozinho não resolveria o problema de São Paulo.

A segurança (ou falta de) inibe (e inibirá) a utilização do sistema de transportes publico por grande partes dos paulistanos. De qualquer modo o governo deve continuar investindo pesadamente em novas linhas de metrô ainda que o custo (financeiro) seja bastante alto e traga incovenientes ao já caotico transito da cidade. Devemos pensar que estamos pagando o preço por falta de investimentos passados e que no futuro teremos um transporte mais eficiente.


Como construir metrô é lento, o estado e o municipio deveriam,paralelamente, investir nas outras formas de transporte possiveis. Mais corredores de onibus, mais linhas, barateamento das tarifas dos taxis, tecnologia para monitoramento e otimização do transito e (por que não?) TRAMs.


Já imaginei uma linha extensa ligando diversos pontos na cidade. Seria muito mais barato construir esta rede, além de rapido e com menor impacto no transito atual (ou talvez não). Será que nossos engenheiros e especialistas em trafego já consideraram esta possibilidade?

Para as cidades menores como Campinas creio que seria a solução ideal ao metrô. Ainda que Campinas comportasse uma pequena (ou média) rede de metrô aos moldes de Budapeste(Hungria),na minha opinião TRAMs seria bastante adequado, ainda mais retornando aos velhos tempos aureos dos bondinhos na epoca do café (ainda encontrados no Taquaral). Inclusive creio que o prefeito atual tem um projeto neste sentido (Parabens prefeito! ps: apenas para constar que simpatizo com seu partido, mas devo reconhecer as melhorias implementadas na cidade).

Para a região sudeste, densa e com um sistema rodoviaria bastante desenvolvido (com destaque para o estado de Sao Paulo), a solução seria construir trens. O projeto do trem de alta velocidade interligando Campinas(Viracopos), Sao Paulo e Rio merece destaque. Se concretizado abrirá espaço para novas investidas neste modal. Não creio que conseguiremos implantar um trem bala japoneis, talvez nos mesmos moldes dos trens de alta velocidade espanhois e franceses.

No futuro, imagino as capitais da regiao sudeste interligadas por trens de alta velocidade (TAV). Sao Paulo, Rio, Vitoria, Belo Horizonte, passando por cidades chaves como Campinas, Uberlandia, Ribeirao Preto e outras.Brasil? Quem sabe um dia.

Nós, economistas, gostamos de traçar cenarios. Algo assim no Brasil num cenário pós 2050. Será? E na região sudeste, podemos imaginar para 2025? Talvez eu esteja sendo muito otimista. Num país fanatico por carros e com uma clara opção por rodovias, pensar num sistema ferroviario eficiente parece utopia.

Após esta breve divagação, concluo que, em minha humilde opinião, a solução está nos trilhos. Mas isto não soa como novidade, não é mesmo?

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Tesouro Direto, fundos ou CDBs?

Em artigos recentes discuti a estratégia para investimentos em poupança, fundos e CDBs. Com o indicador sendo o CDI (Certificado de Deposito Interbancário – taxa pela qual os bancos emprestam dinheiro entre si) a partir de R$ 500 já é possível encontrar CDBs mais rentáveis que a poupança e fundos DI.

Para falar a verdade, os fundos DI dificilmente valerão a pena. Como em geral estão carregados de títulos públicos atrelados a SELIC, seria mais interessante comprar diretamente os títulos públicos através do Tesouro Direto (http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto). Apenas alguns fundos investem em títulos privados que rende um percentual maior do CDI (por exemplo, a última emissão de títulos da Telemar estava pagando entre 115% e 120% do CDI). Logo, se você conseguir um CDB que paga 100% do CDI ou mais, já o torna mais interessante do que 99% dos fundos DI e dos títulos atrelados à SELIC. Por quê? Porque CDBs são isentos de custos de transação.

No caso de você não encontrar um CDB que pague 100% do CDI ou mais, mas encontre algo como 95%, deve-se ser feito um calculo comparando com o tesouro direto. Vamos considerar algumas hipóteses: para se operar no tesouro direto é necessário uma corretora ou banco. No banco do Brasil, é cobrado o valor de 0,4% por operação. Somado a isto há o valor da custodia anual de 0,3%. Comprando uma LFT (Letra Financeira do Tesouro) atrelada a SELIC, teríamos hoje 10,25 – 0,7 = 9,55. Com o CDI de hoje em 10,13%, temos que o titulo do governo está pagando 94,3% do CDI no primeiro ano. Seria mais interessante aplicar em um CDB. Para os outros anos teríamos 10,25 – 0,3 = 9,95 ou 98,20% do CDI.

Pesquisando um pouco mais, é possível encontrar corretoras que não cobram nada pelas operações no tesouro. No próprio site do Tesouro Direto há uma lista de instituições com as respectivas taxas. Então por que operar com o BB ou outros bancos que cobram? Pela comodidade. Não é necessário fazer novos cadastros, nem transferências, etc. Bem, eu opto pela economia à comodidade. No longo prazo esta diferença pode significar milhares de reais. Voltando ao exemplo com uma instituição que cobre 0%, teríamos os 98,20% do CDI já a partir do primeiro ano. Logo, um CDB pagando 95% não seria interessante.

Mas e os fundos DI? Dificilmente encontramos um fundo que cobre menos que 0,3% ao ano de taxa de administração. O pequeno investidor, em geral, se depara com taxas superiores a 1,5%. Há casos com taxas superiores a 4%.

Consideremos um fundo com 2%. Temos 10,25 – 2,00 = 8,25 / 10,13 (CDI) = 81,4%. Sim, é isto mesmo. Apenas 81,4% do CDI. No Banco do Brasil, o CDB de R$ 500 está pagando 85% do CDI.

Mas e os outros fundos de renda fixa pré-fixados? Esta é uma dúvida importante. Existem os títulos pós e pré-fixados. Os pós-fixados têm rendimento atrelado a SELIC, CDI ou mesmo inflação, enquanto os pré a taxa de retorno é conhecida no momento da compra. Com a queda da nossa SELIC, os fundos ou títulos pré-fixados renderam significativamente mais nos últimos tempos. Quem comprou títulos rendendo acima de 11% está com sorriso de orelha a orelha. Hoje os títulos com vencimento em Janeiro de 2010 estão rendendo 9,36%. Se o investidor acredita que os juros básicos da economia (SELIC) caiam ainda mais, é preferível comprar os títulos pré.

Outra alternativa para poupança de longo prazo é comprar títulos atrelados a indicadores de inflação como IGPM ou IPCA. Estes pagam um cupom, por exemplo, 7% ao ano mais a variação da inflação. Hoje, o titulo com vencimento em Maio de 2011 atrelado ao IPCA paga 5,86% mais a variação do IPCA. Se este ficar em 4,5% ao ano, seria 9,86 ao ano. Caso a inflação suba muito, o rendimento acompanha esta subida. Para poupanças de longo prazo, é muito interessante, pois garante um rendimento real igual ao cupom pago.

No momento atual de mercado, os títulos do governo estão com taxas baixas e declinantes, acompanhando as expectativas de baixa na SELIC. Entretanto, as aplicações em fundos de renda fixa, poupança ou CDBs sofrem do mesmo mal.

Em minha opinião, os que pensam no curto prazo (1 ano) e não acreditam em cortes mais agressivos da SELIC, CDBs com rendimento superior a 98% do CDI me parecem indicados. Aos que acreditam em cortes mais agressivos, seria melhor comprar títulos do governo pré-fixados mesmo para um horizonte até 2 anos. Acima disto e com horizonte de longo prazo, embora com cupons mais tímidos comparados ao histórico recente, os títulos atrelados a inflação seriam os mais apropriados.

domingo, 17 de maio de 2009

Auschwitz

Domingo é um bom dia para refletir, arrumar e separar coisas. Pois bem, estava eu separando algumas fotos de uma viagem pela Europa e resolvi compartilhar a visão de Auschwitz. É impossivel descrever a sensação. Todos deveriam um dia visitar aquele lugar para evitarmos que coisas deste tipo venham a ocorrer novamente.











Fotos de junho/2008.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Governo altera IR, mas não mexe na poupança


O governo ganhou tempo. Este foi o resultado das alterações anunciadas ontem (13/05/2009) introduzindo alíquotas de imposto de renda para aqueles que tenham mais de R$ 50 mil.

Em artigo recente, escrevi que o governo teria três alternativas prováveis: alterar a TR, atrelar o rendimento a SELIC ou uma definição periódica da rentabilidade pelo CMN. O governo escolheu outro caminho e o pior: mexeu no IR. Faltaram coragem e vontade política.

O governo deveria aproveitar o momento para realizar mudanças estruturais no sistema financeiro, alterando as regras de um jogo definidas décadas atrás. Precisamos nos adaptar aos novos tempos, mas o governo prefere deixar para um próximo governo. Um sistema de poupança onde existe uma rentabilidade mínima de 6% ao ano é inadmissível para um país com bons fundamentos macroeconômicos que quer alcançar níveis de desenvolvimento de primeiro mundo. Ao fixar uma rentabilidade mínima, há uma distorção nos incentivos dos agentes econômicos, além de desvios de investimentos.

Entendo a dificuldade em se mexer no único produto financeiro em que a população confia (sem contar o confisco) e entende. Entretanto, poderíamos caminhar rumo a um modelo condizendo com os tempos modernos dentro de um processo de transição de alguns anos.

Mas não. Nosso querido governo preferiu implementar mais algumas regras de IR dentro de já um complexo sistema tributário.

De forma resumida, a partir de 2010 haverá incidência de IR nos rendimentos da poupança para aqueles que tiverem mais de R$ 50 mil em depósitos. Isto representa apenas 1% dos mais de 98 milhões de contas, entretanto quase 40% dos R$ 220 bilhões em depósitos de poupança.

São três as variáveis que definem o calculo de IR: taxa SELIC, valor aplicado e um redutor da base de calculo. Com a SELIC abaixo de 10,5% ao ano inicia-se a cobrança de IR (hoje está em 10,25% mas lembrando que as alterações valem somente a partir do ano que vem). O governo fez um escalonamento da SELIC atrelada a um percentual redutor do IR. O quadro abaixo disponibilizado pela Folha sintetiza bem as alterações ocorridas.


Continuo com minha opinião de que é vantajoso investir na poupança quando se tem até R$ 1000,00 (acima de R$ 500 em alguns casos). Depois disto com certeza é possível conseguir taxas melhores em CDBs. Se tiverem dificuldade em encontrar isto no seu banco, me enviem mensagem dizendo com que banco trabalham que vou ajudá-los a encontrar melhor rendimento.

No próximo artigo vou fazer um comparativo entre tesouro direto, fundos de renda fixa, poupança e CDBs.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Lições de Economia


Recebi a pequena historia abaixo em uma lista de e-mails da qual participo, vale a reflexão.

Numa pequena vila e estancia na costa sul da França, chove, e nada de especial acontece.

Sente-se a crise.

Toda a gente deve a toda a gente, carregada de dividas.

Subitamente, um rico turista russo, chega ao foyer do pequeno hotel local. Pede um quarto e coloca uma nota de 100 euros sobre o balcão, pede uma chave de quarto e sobe ao 3º andar para inspeccionar o quarto que lhe indicaram, na condição de desistir se lhe não agradar.

O dono do hotel pega na nota de 100 euros e corre ao fornecedor de carne a quem deve 100 euros, o talhante pega no dinheiro e corre ao fornecedor de leitões a pagar 100 euros que devia há algum tempo, este por sua vez corre ao criador de gado que lhe vendera a carne e este por sua vez corre a entregar os 100 euros a uma prostituta que lhe cedera serviços a crédito. Esta recebe os 100 e corre ao hotel aquem devia 100 pela utilização casual de quartos à hora para atender clientes.

Neste momento o russo rico desce à recepção e informa o dono do hotel que o quarto proposto não lhe agrada, pretende desistir e pede a devolução dos 100. Recebe o dinheiro e sai.

Não houve neste movimento de dinheiro qualquer lucro ou valor acrescido. Contudo, todos liquidaram as suas dividas e estes elementos da pequena vila costeira encaram agora otimistamente o futuro.

sábado, 2 de maio de 2009

Livro: Terapia Financeira

O livro escrito por Reinaldo Domingos tem uma leitura fácil e rápida. Direcionado àqueles com dificuldades financeiras, apresenta um método criado pelo proprio autor denominado DiSOP, termo utilizado para abreviar quatro palavras (e fases): Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar.

O autor conseguiu sintetizar bem os passos necessários para superar um periodo de dificuldade financeira, chegando ao final, inclusive a poupar. De devedor a poupador em 4 fases. A metodologia é simples, porém eficaz, inclusive com o dinheiro de volta caso você não fique satisfeito com o livro.

Na primeira parte, diagnosticar, o autor ensina como identificar para onde o dinheiro está indo, quais são os gastos, qual seu padrão de vida. Ele começa com o subtitulo de "Descubra suas fragilidades em relação ao dinheiro". O diferencial aqui é que para a definição do padrão de vida, ele retira obrigatoriamente 10% como forma de retenção. Ou seja, você deve aprender a viver com apenas 90% de sua renda líquida. Somente depois de você identificar exatamente onde você está gastando seu dinheiro e qual seu padrão de vida possível, é possivel passar para os proximos passos.

Sonhar: eis o segundo passo rumo a independencia financeira, de acordo com o autor. Partindo da premissa de que o ser humano é movido por desejos, sonhar é a mola propulsora da vida.Assim, você deve ser capaz de realizar seus sonhos, adquirir aquilo que tem vontade, do contrario, você não será feliz e muito menos conseguirá manter seu equilibrio financeiro. Em um determinado momento, você terá uma atitude compulsiva e se endividará. Por isto, se planejar para realizar seu sonho é fundamental. Além daqueles 10% de retenção, você deve separar uma quantia factivel para a realização de seu sonho dentro de um prazo que não inviabilize manter sua situação financeira equilibrada. O carro ou a casa financiada tambem deve ser deduzida da renda liquida. Ao final, você terá o dinheiro para adequação do seu padrão de vida.

Em seguida, vem a fase de Orçar. Levantar suas dividas, seus compromissos, analisar os gastos identificados na primeira fase e se planejar para atingir o equilibrio financeiro. Você deve adotar uma estrategia para saldar as dividas, calculando um montante que você pode separar de sua renda mensal liquida para arcar com as dividas. Então, você poderá entrar em contato com os credores tentando negociar as dividas e fazendo com que elas caibam no orçamento. Eles tem interesse em receber e você quer pagar. O autor sugere ainda, que talvez você possa utilizar a parcela destinada ao seu sonho, para arcar com as dividas, desde que este seja realmente seu sonho.

Por fim, poupar. O desejo da maioria da população e que de fato poucos conseguem. Aqueles 10% utilizados como retenção e não explicados inicialmente são a "semente de sua independência financeira". O autor apresenta alguns conceitos sobre juros, poupança, previdencia privada, a importância de comprar melhor, uso de cartão de crédito, outras opções de investimento de curto, médio e longo prazo para perfis diferentes de investidores.

Como conclusão, o autor traz palavras de motivação e um quadro resumo da metodologia DiSOP com as principais idéias para Diagnosticar, sonhar, orçar e poupar. Ele termina o livro com a frase, "E acredite: VOCÊ PODE!". Isto me lembrou o slogan da campanha de Barack Obama. Nada mais verdadeiro em se tratando de conseguir a independencia financeira. Não importa o quanto você ganha, mas muito mais de como você administra seu dinheiro. Neste caso, o poder está em nossas mãos. YES, WE CAN.
 
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