domingo, 23 de maio de 2010

Livro: Cisne Negro (Leitura Obrigatória)

Este fim de semana terminei de ler o livro de Nassim Nicholas Taleb, the Black Swan ou na tradução brasileira a lógica do Cisne Negro.

É um dos melhores livros que eu já li, senão o melhor. Sabe aqueles textos que te fazem refletir profundamente e te levam a quebrar paradigmas? São poucos os que conseguem tal façanha. Este livro é um deles.

O Cisne Negro é um evento raro, imprevisivel, altamente improvável, mas que acontece o tempo todo. Imaginem a seguinte situação: um peru é alimentando durante 1000 dias seguidos regularmente. Isto levaria o peru a pensar que o próximo dia seria igualmente feliz. De repente, a morte.

Nassim Nicholas Taleb (NNT) discute temas espinhosos, como a utilização da curva em formato de sino (ou gaussiana ou distribuição normal) em situações cotidianas. Para eles, a curva faz sentido em algumas situações como a altura das pessoas por exemplo, mas não pode ser usada para gerenciamento de risco ou para assuntos do mercado financeiro. A renda pode ser representada de forma gaussiana? De forma alguma. Ele discute que deveriamos utilizar ferramentas mais poderosas, que tratem as probabilidades de forma diferente, tais como a lei de potencia, os fractais ou a teoria manldebrotiana (Benoit Mandelbrot). São tantas informações e tanto para apresentar, que confesso, não sou capaz (ainda). Abaixo a distribuição normal, para que não conhece ou não lembra.



Sobre os assuntos acima, destaco dois trechos do capitulo XV:

"Esqueça tudo que aprendeu na faculdade sobre estatística ou sobre a a teoria da probabilidade. Se você nunca estudou esses tópicos, melhor ainda. Comecemos bem do princípio".

"Existem outras idéias que possuem pouca ou nenhuma importância fora da curva na forma de sino gaussiana: correlação e, pior ainda, regressão. Mas elas estão profundamente incrustadas em nossos métodos: é dificil ter uma conversa de negócios sem ouvir a palavra correlação."

Isto é a mais pura verdade. O meu dia a dia é basicamente isto. Gerenciamento de riscos. Curva gaussiana, correlação entre ativos e por aí vai. Chega a noite, vou para o curso na BM&F e mais estatistica. Obviamente, tudo faz sentido, embora eu sempre questione se isto funciona mesmo na vida real. A resposta é simples: não funciona. É uma simplificação bonita, mas que não serve na prática. De qualquer modo, NNT nos responde por que deveriamos continuar estudando isto:

"Minha técnica, em vez de estudar os modelos possíveis que gerem uma aleatoriedade que não se enquadre na curva na forma de sino, cometendo assim os mesmos erros de teorização cega, é fazer o contrário: conhecer a curva na forma de sino o mais intimamente que puder e identificar onde ela se sustenta e onde não. Eu sei onde fica o Mediocristão. Para mim, com frequencia (nada dissto, quase sempre), são os usuários da curva na forma de sino que não a compreendem bem e precisam justificá-la, não o contrário."

NNT apresenta argumentos fortissimos da impossibilidade de se prever o futuro (o que é obvio, não para a maioria das pessoas e nem para nós, economistas).

"Resumirei aqui meu argumento: fazer previsões exige conhecimento sobre tecnologias que serão descobertas no futuro. Mas tal conhecimento iria permitir quase automaticamente que começássemos a desenvolver essas tecnologias imediatamente. Portanto, não sabemos o que saberemos." Simple as that.

"Por que damos ouvidos a especialistas e às suas previsões? Uma possível explicação seria que a sociedade repousa na especialização, que é efetivamente a divisão do conhecimento. Você não estuda medicina no instante em que depara com um grande problema de saúde; é menos desgastante (e certamente mais seguro) consultar alguém que já tenha feito isso. Médicos dão ouvidos a mecânicos de automóveis (não em questões de saúde, mas somente no que diz respeito a problemas com seus carros); mecânicos de automóveis dão ouvidos a médicos. Temos uma tendência natural a dor ouvidos ao especialista, mesmo em campos onde é possível que não haja especialistas."

Para finalizar estes breves comentários, cito alguns "conselhos" apresentados por NNT:

Seja tolo nos lugares certos

"O que você deveria evitar é a dependência desnecessária de predições prejudiciais de grande escala - e apenas essas predições. Evite os grandes assuntos que podem prejudicar seu futuro> seja enganado em questões pequenas, e não nas grandes. Não dê ouvidos a previsores econômicos ou a previsores nas ciências sociais (eles são meros fornecedores de entretenimento), mas faça sua previsão para o piquenique. Não deixe de exigir certeza para o próximo piquenique - mas evite previsões governamentais sobre a assistência social para 2040.

"Ninguém sabe nada"

Abaixo apenas cito alguns truques modestos apresentados por Nassim.

a. Primeiro, faça uma distinção entre contingências positivas e negativas.
b. Não procure pelo preciso nem pelo local.
c. Agarre qualquer oportunidade ou qualquer coisa que se pareça com uma oportunidade. Aqui vale um comentário adicional: "discussões casuais e ao acaso em coquetéis costumam levar a grandes conquistas - e não correspondências secas nem conversas telefônicas. Vá a festas!"

d. Cuidado com planos precisos feitos por governos.
e. Não perca tempo tentando lutar contra previsores, analistas de ações, economistas e cientistas sociais, exceto para pregar peças neles."

Enfim, pretendo reler este livro novamente este ano (não me recordo a última vez que fiz isto). Como não consegui expor tudo que queria, recomendo a leitura deste livro. Se quiserem discutir após a leitura, podemos marcar um Happy Hour aqui em sampa. rs.

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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Euro e Libra

Trabalhando com gestão de hedge de moedas diariamente, não dá para deixar passar em branco o momento atual. "Nunca antes na história deste país", a libra esteve em um patamar tão baixo. A cotação libra / real está em R$ 2,60. Sim, não está errado. Não é a cotação do dólar, nem do euro, mas sim da libra.

Os ingleses que visitam o Brasil estão "abismados" com os preços. Os brasileiros no Reino Unido acham tudo "barato". Apenas para lembrar que a cotação seguiu entre os R$ 4 e R$ 5 por um bom tempo. Triste devem estar os brasileiros trabalhando na Inglaterra com as contas cheias de libras.

A cotação euro / real não está muito diferente.: R$ 2,20. É isto mesmo. Este valor parece a cotação do dólar no ano passado. Aos europeus trabalhando no Brasil, minha recomendação é vender reais e comprar euros, transferindo um pouco da riqueza para a Europa. Aos brasileiros, vamos aproveitar para explorar o velho continente.

Mas Bruno, você vem recomendando a compra de euro desde os R$ 2,60. Por que não esperar mais? Justamente por isto. Se a R$ 2,60 o euro parece barato, imagina aos R$ 2,20. Mas não pode cair mais? Sim, pode. A situação na Europa e na Inglaterra continuam criticas.

Como ninguém tem bola de cristal, a estratégia é ir comprando aos poucos, aproveitando a continua desvalorização do euro e da libra. Até quando isto vai persistir? Sinceramente, não sei, mas enquanto isto perdurar vamos aproveitar. A história mostra que os movimentos de moedas são rápidos e fortes. Melhor estarmos sempre preparados. "Deus salve a rainha!"

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Abril: tragédia grega

30 de Abril 2010

Relatório Mensal do Clube de Investimento

Abril: tragédia grega

Neste mês vamos começar falando de Grécia. Depois de séculos relegada ao segundo plano, em 2010 ela volta às manchetes, ainda que negativamente. A farra fiscal que viveu a Grécia desde a entrada no euro parece ter chegado ao fim. Os mercados passaram a cobrar prêmios absurdos do país heleno. As taxas de dois anos superaram os 20%. Os CDS explodiram. O país sucumbiu e pediu ajuda aos outros membros da comunidade européia e ao FMI. Embora a Alemanha continue reticente, acho pouco provável que não seja costurado um plano disponibilizando bilhões de euros à Grécia, exceto se Alemanha e França quiserem ver o fim da União Européia.

Com todas estas preocupações, as bolsas caíram e o euro atingiu a mínima do ano na casa do 1,31. Ainda que nos EUA não tenhamos visto noticias relevantes, exceto um casinho do Goldman aqui, manutenção dos juros ali, a Europa pesou e os mercados acionários em todo mundo foram prejudicados.

A Bolsa brasileira fechou em -4,04% no mês, influenciada, sobretudo, pelas ações ligadas a commodities como Vale, Petrobras e as siderúrgicas. Isto significa uma mudança de tendência para a bolsa no ano? Não acredito. O mercado consumidor interno segue MUITO FORTE. Tão forte que o BC usou esta desculpa para elevar a SELIC em 0,75% para 9,5% ao ano (quando na verdade não resistiu às pressões do mercado).

O ambiente é tão incrível no país que nos seminários, reuniões, palestras e em conversas de bares, não há uma pessoa sequer que duvide que o Brasil seja uma aposta certa até as Olimpíadas. E depois? Bem, se o país não investir nas PESSOAS, não conseguiremos manter nosso crescimento. HOJE, já há uma falta de profissionais qualificados. O mercado de trabalho está pujante e as empresas não estão conseguindo contratar.

No nosso mundinho, enquanto a bolsa despencou, nosso desempenho foi excelente. Tivemos um desempenho positivo de 3,35%. Destaques para OGX, Tractebel e Cremer.

Depois de um começo de ano desanimador, OGX deu uma arrancada no mês de abril. Conforme comentários em relatórios anteriores, aproveitamos a volatilidade da ação para vender nossa posição perto da máxima intra-mês e recomprar a mesma quantidade R$ 1 mais baixo (ou 5,4% melhor). A idéia é continuar aproveitando a volatilidade da ação para ganhos de curto prazo, mas mantendo uma posição em torno de 20% da carteira até o final do mês.

Com Tractebel, aconteceu algo semelhante. O papel deu uma arrancada no mês e aproveitamos este fato para realizar lucros vendendo a posição. Como MPX foi castigada durante o mês, utilizamos a venda de TBLE3 para entrar no papel com o objetivo de lucro no curtíssimo prazo. Os primeiros dias surpreenderam positivamente.

Além destas, por mais um mês seguido, CREMER foi motivo de alegria. Com uma alta previsibilidade de fluxo caixa, baixos investimentos e sentada no dinheiro, é comprar o papel, sentar e sorrir.

De lado, ficaram BISA3 e GSHP3. Ainda estou bastante otimista com o setor de construção e shopping Center. Os resultados que serão anunciados em maio devem continuar surpreendendo.

Por fim, em março CSN havia entrado no radar e em abril montamos uma pequena posição no papel. Bem posicionada como mineradora e siderúrgica, a empresa deve se beneficiar do forte crescimento da economia brasileira nos próximos anos. Soma-se a isto a possibilidade de IPO da mina Casa de Pedra.

No final do mês, nosso portfólio fechou da seguinte forma: BISA3 com 21%; CREM3 com 20%, OGXP3 com 19%; CSNA3 com 17%; MPXE3 com 12%; GSHP3 com 9% e 2% em caixa.

Para Maio, a expectativa é que a bolsa suba com os bons resultados que serão anunciados pelas empresas brasileiras ainda que a Europa continue segurando o IBOVESPA em torno dos 70 mil pontos. Atenção especial para a novata MILS3, diretamente exposta às obras de infra-estrutura e construção civil.
 
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