Relatório Anual do Clube de Investimento
09 de janeiro de 2011
Feliz ano novo, Adeus Ano Velho
O ano de 2010 acabou e, no que diz respeito à bolsa de valores, não vai deixar saudades. O IBOVESPA valorizou-se míseros 1,04% no ano, mas para nós, o resultado foi um pouco pior, -4,89%. Mesmo descontando a taxa de administração, o resultado seria ainda um pouco negativo e a principal responsável pelo desempenho ruim é a POSITIVO, que teve desvalorização de quase 50%.
Pessoalmente falando, em 2010 corri minha primeira meia maratona com o tempo de 2 horas 3 minutos e 56 segundos. Para 2011 a minha meta é uma maratona. Mas voltemos ao mercado financeiro.
Do ponto de vista macroeconômico, o Brasil vai muito bem, obrigado. Os indicadores de emprego e crescimento seguem robustos. Com a renda crescendo, o consumo aumenta. Consumo alto, as receita das empresas crescem. Se elas foram eficientes, terão melhores resultados. É isto que eu espero a partir de fevereiro quando começarem as divulgações de resultados. Mas então por que a bolsa não subiu no ano de 2010?
Não há uma correlação direta entre crescimento econômico e alta da bolsa de valores. Precisamos considerar que 2009 a bolsa subiu mais de 80% já embutindo uma expectativa de crescimento para o ano seguinte, além da recuperação da crise. Como eu disse em relatórios anteriores, depois da festa vem a ressaca. O ano de 2010 comprovou ser o da RESSACA.
E o que esperar para 2011? No Brasil, com o desemprego no menor patamar histórico, a renda crescendo e as EXPECTATIVAS otimistas dos brasileiros, acredito em um bom ano para nós. Se considerarmos ainda que em 2010 o IBOVESPA subiu apenas 1%, temos uma boa chance de um 2011 com resultados significativamente melhores. O que pode atrapalhar este bom ano é uma situação ainda complicada na Europa e nos EUA.
Os EUA se recuperam lentamente com as trilionárias injeções de dólares na economia, enquanto a União Europeia luta para que seus países membros não quebrem. Para eles, 2011 será desafiador. Depois de salvarem Grécia e Irlanda, os demais países membros precisarão captar uma montanha de euros para refinanciar as dividas que vencem ao longo do ano. Portugal é a maior preocupação.
O ano de 2011 será definitivo para os europeus. Há os que acreditem que eles não aguentarão e o euro sucumbirá. Particularmente acredito que o euro e a União Europeia sobreviverão, mas o custo será alto para os países mais endividados. Precisarão ajeitar a casa, cortar gastos, reduzir o Estado de bem estar social que criaram e terão que conviver muitos anos com baixo crescimento. Eu, particularmente, não apostaria contra o euro (nem a favor), mas tem muita gente que vai apostar (e podem quebrar). Os alemães, como principais beneficiários do euro e a Alemanha como seu principal membro, deixará a União Europeia se desmantelar sem fazer nada? Já na Ásia, a China manifestou apoio e prometeu adquirir volumes consideráveis de dividas em sua versão oriental do plano Marshall. Com USD 3 trilhões em reservas, não é difícil comprar alguns bilhões de euros para ajudar os países mais endividados.
Agora olhando para o nosso umbigo, o que não foi bem em nossa carteira em 2010 e quais as expectativas para 2011?
A siderurgia brasileira passou por um forte ano de ajustes. O dólar barato influenciou importações volumosas de aço e os resultados de todas elas deixaram a desejar. Para este ano, acredito em recuperação dos resultados na esteira da recuperação mundial. Além disto, a demanda chinesa deve seguir forte bem como a demanda interna em virtude dos diversos projetos de infraestrutura anunciados ou em andamento. Estamos bem posicionados com CSN que adicionalmente, conta ainda com a possibilidade do tão aguardado IPO da Casa de Pedra.
O setor de construção civil deve bater recordes em 2010 e tudo indica que baterá novamente em 2011. Crédito abundante e demanda forte trarão bons resultados para as empresas do setor. A BROOKFIELD apresentou bons resultados em 2010, superando expectativas, mas não suficiente para uma alta superior a 10% em nossa carteira. Devemos ficar de olho em EZTEC, empresa com melhor margem no setor.
Em petróleo temos a tradicional PETROBRAS, que em nossa carteira apresentou leve valorização, mostrando o bom momento em que nos posicionamos nela. Além disto, desde setembro temos utilizado estratégias envolvendo opções para rentabilizar esta posição. Ganhamos quando lançamos opções acreditando na baixa de curto prazo e perdemos quando as compramos esperando alta. Como disse em relatórios anteriores, acredito que uma boa forma de aproveitarmos este bom momento do Brasil nesta área é comprando ações de empresas fornecedoras de peças e serviços. Assim, no final do ano montamos uma pequena posição em LUPATECH. Com ela devemos ter paciência, pois seus resultados não melhorarão até que a fase de extração ganhe corpo, o que está previsto para o segundo semestre de 2011. Até lá, vamos aproveitar para ir comprando.
Como 2011 será mais um ano de consumo, temos quatro ações em nosso portfolio voltadas para o mercado interno. GENERAL SHOPPING deve mostrar excelentes resultados no quarto trimestre, ainda que eu tenha preocupações com a captação de bonds perpétuos em dólar realizada no final do ano. POSITIVO foi muito castigada após os resultados do 3º trimestre, em função dos fracos números e da forte concorrência no mercado domestico. Acredito que a desvalorização foi exagerada e que podemos ser surpreendidos pela companhia no ano de 2011. O computador passou a ser o desejo de consumo do brasileiro e a Positivo é a líder neste setor. Devemos lembrar ainda que a grande massa de brasileiros pertence a classe C.
Outra empresa bastante castigada pelos investidores receosos com o ambiente competitivo foi a CIELO. Novamente acredito que a dose foi exagerada. Após a CIELO continuar mostrando bons resultados e comprovar sua capacidade em manter-se como a maior e melhor empresa do setor, os investidores voltarão e nós já estaremos lá, esperando para colher os frutos. Por ultimo a CREMER, forte geradora de caixa e com excelente posicionamento na área de produtos para cuidados com a saúde. A explosão dos preços do algodão afetou o resultado da Companhia que não conseguiu repassar preços na mesma velocidade. Veremos como o management atuará em 2011.
No Brasil, não podemos ficar de fora do setor financeiro. Embora o mercado olhe com desconfiança para o Banco INDUSVAL, continuo acreditando no posicionamento no Middle Market (indo para o Large também). Se 2010 foi o ano de repensar a estratégia, espero que 2011 seja o ano da virada, com a estratégia finalmente trazendo resultados depois de 2 anos de praticamente estagnação.
Os investidores, sobretudo os iniciantes, ficam ansiosos e preocupados quando suas ações caem ou não sobem. O mercado de ações exige DISCIPLINA e PACIENCIA. Estudos demonstram que são poucos que atuando ativamente (comprando e vendendo) conseguem superar os índices de referencia. Particularmente acredito que a seleção de um bom conjunto de ações traz mais resultados no longo prazo se adequadamente gerenciado. Tenho certeza absoluta que nossos resultados virão. AGUARDEM!
Um feliz 2011, repleto de alegrias, saúde e sucesso para todos nós e nossos familiares.
Bruno Massera
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