quarta-feira, 15 de agosto de 2012

by appointment to the Royal Danish Court


O titulo é uma homenagem à Dinamarca. Em Julho tive a oportunidade de passar 3 semanas em férias (na verdade em um exchange program de uma ONG Internacional que faço parte). Embora já tenha morado na Europa, sempre tive vontade de passar mais tempo conhecendo os países escandinavos. Há algo diferente lá.

Tirando a Calsberg, Lego, Maersk e os windmills, conhecia pouco da Dinamarca. E fiquei impressionado com o que pude conhecer. País de pouco mais de cinco milhões de habitantes, extremamente seguro e organizado. Depois de algum tempo de convivência, você percebe que os dinamarqueses são bastante acolhedores. Para eles o senso de igualdade faz parte da cultura. Como me disse um deles: “Não posso ser feliz convivendo com a pobreza ao meu redor”. Todos devem ter oportunidades. Saúde e educação gratuitas e de boa qualidade para todos. Mas isto tem um custo: impostos.

Duas foram as principais reclamações das famílias com quem conversei: o clima e os impostos. Sobre o clima, vocês podem imaginar. Nosso inverno é mais quente que o verão deles. E quanto aos impostos, a alíquota começa acima de 40% com desconto em folha. Conforme a renda familiar sobe, a alíquota sobe. Na margem, algumas famílias pagam mais de 60% em impostos sobre a renda. Adicionamos a isto mais 25% do VAT e dos impostos adicionais sobre os produtos não saudáveis. Carros são taxados em mais de 100%, dependendo do modelo. Logo, fica bem clara a reclamação quanto aos impostos. Em contrapartida, não há gastos adicionais com escolas para os filhos, faculdade, plano de saúde, segurança particular, etc. Além disto recebem algum dinheiro de volta diretamente do governo, por exemplo, para cada filho até uma determinada idade como “ajuda de custo”.

Curiosidades: Chamou minha atenção a quantidade de café per capita consumido pela Dinamarca, uma das mais altas do mundo, junto com os outros países nórdicos como Finlandia, Noruega, Islandia e Suecia. Aproveitei para comprar algumas capsulas da Nespresso, cada uma custou R$ 1,05 (R$ 0,85 com tax free). No Brasil é mais que o dobro. Em Amsterdam estava em EUR 0,30. Quanto à comida, para quem acha que eles vivem apenas de peixe, os dinamarqueses figuram no topo do ranking de produtores e consumidores per capita de carne de porco. Deem uma olhada no tamanho da empresa Danish Crown (http://www.danishcrown.com/). Faturamento de quase R$ 19 bi com 90% de exportação.

Economia: vou destacar dois pontos. Certa vez estava conversando sobre credito imobiliário e hipoteca. Em taxa fixa, eles conseguem juros de 2% a 3% ao ano por 30 anos. Podem ainda optar por taxa variável com renegociação anual sendo que o primeiro ano está próximo de zero uma vez que a Dinamarca também está emitindo divida a juros negativos. Quando falei que nossos juros eram de 8,5%, eles me perguntaram se não tinha muito dinheiro vindo para o Brasil com uma taxa tão alta. Respondi que era uma das taxas mais baixas da historia. A resposta foi: “That is crazy”.

O segundo ponto está relacionado ao preço do combustivel. Enquanto no Brasil temos preços controlados, na Dinamarca os preços do diesel oscilam intraday. E não é só isto, vi variações de quase 10% entre os preços pela manha e pela noite. Sim, é verdade. Tenho fotos para provar.

A Dinamarca tem uma das monarquias mais antigas da Europa. A família real é um bom negocio para o país. Atrai turistas por onde passa e movimenta a economia com a venda de produtos com o “carimbo” real. Eu mesmo trouxe algumas porcelanas do Royal Copenhagen. Eles me perguntaram o que eu achava. Respondi que concordava e que em termos de custos deveria ser mais barato que manter nosso sistema presidencialista.

Há ainda muitas coisas interessantes sobre este pequeno país ao norte da Europa. Mas deixo para vocês verem pessoalmente quando tiverem oportunidade. Gosto de um trecho escrito pelo Amyr Klink que diz o seguinte: “Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece, para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver"
De volta ao Brasil e tentando entender o espírito do momento, destaque do Valor no caderno de Empresas de hoje: “Um trimestre para esquecer” e “Dólar caro provoca efeito bilionário”. Após o primeiro prejuízo da Petrobras desde 1999 e com varias empresas anunciando prejuízos em grande parte devido a variação cambial, me pergunto: o Governo estaria disposto a deixar o real se apreciar no quarto trimestre para dar algum alivio nos balanços das empresas? Com a pior seca dos últimos 50 anos e a quebra de safra nos EUA os preços dos grãos dispararam e haverá impacto no preço dos alimentos no Brasil. Se o IPCA acelerar, o governo pretende utilizar a moeda para controlar a inflação?

Em 14/05, em “Irmão, é preciso coragem”, escrevi que continuava achando que o euro terminaria o ano acima de 1,20. Que naquele momento (EUR 1,27) “Vender EUR contra USD parece o mais sensato no curtíssimo prazo”. Após quase um mês na Europa, mantenho a opinião que 1,20 é um bom piso para o final do ano. Não podemos esquecer de que há bancos centrais importantes como o da Suíça dispostos a continuar lutando para evitar apreciação excessiva de suas moedas e operando na ponta de compra do euro. Em maio achava que os juros locais eram para baixo e USD para cima mas acreditava na possibilidade de fecharmos o ano com um real abaixo do fechamento de 2011. As chances agora são remotas, mas a possibilidade ainda existe considerando todo o contexto macroeconômico e os recentes balanços divulgados impactados pela desvalorização cambial.

À espera de novos estímulos econômicos pelo FED e BCE em resposta aos fracos indicadores econômicos e dada as incertezas com os preços das commodities e a fraca recuperação da demanda, faz sentido continuar vendido em EUR e comprado em USD contra BRL. Quanto aos juros, a poupança nunca pareceu tão atrativa aos olhos dos pequenos investidores.

Um comentário:

  1. Ganhe dinheiro na internet! Sem precisar sair do conforto do seu lar e no horário que quiser! É sucesso garantido! (Não é spam, bit.ly é um encurtador de links)
    Acesse para mais informações:

    http://bit.ly/Q1JGx9

    ResponderExcluir

 
BlogBlogs.Com.Br