O ano de 2009 foi surpreendente para os agentes do mercado financeiro. Motivados pela elevada liquidez promovida pelos bancos centrais de todo o mundo, os mercados financeiros reagiram rapidamente, praticamente voltando aos níveis pré-crise (agosto de 2008). No Brasil, o movimento foi ainda mais forte, com o real sendo a moeda que mais se apreciou no ano e a bolsa uma das que mais subiu. Resultado: os que estavam em 2008 e permanecerem se recuperaram quase que inteiramente, e os que entraram apenas este ano viram seus investimentos quase dobrar.
Para 2010, há dois grandes riscos (dentre outros): eleições no Brasil e como e quando serão retirados os estímulos econômicos no restante do mundo (Europa e EUA, sobretudo). O primeiro provem dos estilos de Jose Serra (juros baixos e câmbio competitivo) e Dilma Roussef (desenvolvimentista). O segundo afetará a liquidez e com isto, a aversão a risco aumentará e os mercados emergentes serão penalizados, afetando diretamente nossos investimentos em bolsa.
Em meu cenário padrão, sabendo de todas as dificuldades em se fazer previsões e como meras elucubrações, acredito que os estímulos econômicos serão retirados paulatinamente trazendo volatilidade aos mercados financeiros em espaços curtos de tempo (quando do anuncio das decisões). As economias de EUA e Europa se recuperarão lentamente e com dados mais consistentes de PIB e mercado de trabalho apenas no segundo semestre de 2010. Antes disto, é improvável que os bancos centrais iniciem um aperto monetário subindo juros.
Com um ambiente externo fraco, restará ao Brasil seu pujante mercado interno. Acredito num forte aumento do consumo, tantos das famílias quanto do Governo para 2010. Sabe-se de longa data a demanda reprimida existente neste país. Com juros historicamente baixos e perspectivas mais que positivas para a economia brasileira até 2016, os agentes irão às compras. Logo, empresas voltadas para o mercado interno tendem a se destacar na bolsa. Carros, imóveis, comida, roupas e por aí vai. Para tudo isto será necessário crédito. Se em 2009 os bancos públicos puxaram o consumo concedendo crédito, em 2010 os bancos privados vão querer tirar o atraso e devem ser mais agressivos nos empréstimos (vide capitalização do Santander). Em suma, com aumento da massa salarial (desemprego baixo e classe C bombando), dinheiro fácil e barato (para os padrões históricos) e o desejo de consumir, acho difícil o Brasil decepcionar em 2010, ainda que pese os todas as dificuldades e incertezas econômicas nos principais países desenvolvidos.
Dado este breve pano de fundo, minha aposta é para small caps voltadas para o mercado interno. Dentre elas, destaco em minha ordem de preferência:
BISA3 – Brookfield – setor de construção: a demanda segue forte e os estímulos dados pelo governo (programa Minha Casa Minha Vida, juros baixos) manterão o mercado imobiliário quente em 2010.
IDVL4 – Banco Indusval – voltado para médias empresas, foi bastante castigado durante a crise por ser um dos poucos bancos a reconhecer de fato altas provisões para perdas. A tendência é que estas provisões se revertam e as empresas voltem a tomar empréstimos para financiar investimentos.
DROG3 – Farmácia Drogasil – o consumo de medicamentos é um dos mais resilientes a crises e seu crescimento está diretamente associado ao aumento da renda per capita. No Brasil, o cerco contra a informalidade tem aumentado e deve ocorrer uma consolidação nos próximos anos. Há muitas pequenas farmácias que não serão capazes de competir contras as grandes redes.
MDIA3– M Dias Branco – comida, mais especificamente biscoitos e massas. O aumento da renda das pessoas, sobretudo nas classes mais baixas, impulsiona o consumo de alimentos. A empresa tem bom controle da cadeia produtiva (matéria-prima) e está bem localizada no mercado que mais cresce no país: Nordeste.
GSHP3 – General Shopping – brasileiro ADORA shopping. Impressionante. Shopping = compras/lazer = consumo.
MPXE3 – Empresa de energia do Eike – dentre todas as empresas citadas, esta é a que mais embute risco, mas por outro lado, com maior potencial de ganho. Considerada uma empresa de energia suja (térmicas a carvão, etc) responderá bem a uma iminente falta de energia em decorrência de acelerado crescimento da economia. Como os investimentos no setor elétrico foram baixos, se o país crescer mesmo 6% no ano que vem, vai faltar energia. As térmicas precisarão ser ligadas ou novas construídas rapidamente.
Das grandes, minha preferida é CIEL3. Ainda que existam riscos regulatórios com o fim da exclusividade em 2010, este é um dos setores mais promissores da economia brasileira. Vide os recordes atingidos durante o Natal com mais de 35 milhões de transações processadas em 2 dias e pico de 692 transações por segundo. É, de fato, uma máquina de fazer dinheiro.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Perspectivas 2010
Por fim, gostaria de desejar a todos um 2010 excelente. Após completar um ano com este blog, espero que possa continuar compartilhando algumas de minhas ideias no próximo ano.
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