31 de Maio 2010
Relatório Mensal do Clube de Investimento
Maio: pacotes europeus
No relatório de abril, comecei falando que achava pouco provável que não fosse costurado um plano de resgate a Grécia. Logo no começo de maio, a Europa anunciou um plano de socorro ao país heleno superior a 100 bilhões de euros. Tal plano não foi suficiente para acalmar os mercados, apenas salvou a Grécia do caos econômico, embora a sociedade tenha ido às ruas para protestar das contrapartidas. Com os mercados ainda em pânico e a aversão ao risco subindo rapidamente, a comunidade européia surpreendeu o mercado e anunciou um plano de 750 bilhões de euros para garantir a liquidez e solvência dos governos e bancos dos países europeus. Foi uma demonstração de ação por parte de uma Europa sempre lenta em tomar decisões.
O mercado reagiu imediatamente. No Brasil o dólar tinha alcançado a nada desprezível cotação de 1,89 e caiu bruscamente até 1,77. O euro que apresentava uma tendência de baixa suspirou, ainda que por 1 dia. Mas, digerida a surpresa inicial, os agentes voltaram a desconfiar da Europa, dadas as severas restrições fiscais que um plano deste montante teria como contrapartida. A recuperação será lenta e o crescimento baixo por alguns anos.
Novamente a aversão ao risco explodiu e o dólar bateu no 1,89. A cotação euro/dólar atingiu mínimas recentes por volta de 1,20. As bolsas por todo o mundo foram castigadas. Por aqui, no pior momento, 20 de maio, o IBOVESPA fechou aos 59.684 pontos. Vale ressaltar que em um mês com tantas turbulências, até problemas operacionais afetaram as bolsas. Supostas ordem erradas afundaram a bolsa americana e acionaram uma series de stop loss, potencializando perdas em todos os mercados. O saldo: pior mês para as bolsas no ano e euro muito fraco.
No Brasil, o mês foi carregado de resultados corporativos e indicadores econômicos. Os bons resultados foram ignorados frente a uma situação de quase caos pelo mundo. A bolsa fechou em -6,64% (em abril -4,04). As empresas de commodities foram duramente penalizadas com as vendas generalizadas dos investidores estrangeiros. Sofreram menos, mas sofreram, as ações de empresas voltadas para o consumo interno ou com baixa presença de estrangeiros. Importante enfatizar que os fundamentos da economia brasileira seguem inalterados. A expectativa de crescimento para este ano segue acima dos 6% e a confiança dos consumidores e das empresas continua alta.
Neste cenário de baixa da bolsa, podemos comemorar o resultado do nosso clube no mês, apenas -1,91%. Nos piores momentos do mês, vários cotistas fizeram aportes que elevaram o patrimônio do clube em 25%. Com isto, conseguimos comprar algumas ações com preços bastante atrativos. Em uma possível recuperação da bolsa no curto prazo, deveremos ser beneficiados com a estratégia adotada em maio. Nos momentos de pânico, quando todos estão saindo, é hora de entrar.
No começo do mês, MPX atingiu o target de venda. Em menos de duas semanas conseguimos resultado superior a 5%. Por outro lado, aproveitamos para comprar BVMF3 abaixo dos R$ 11. Os planos internacionais ambiciosos da bolsa brasileira somado ao potencial do mercado interno dão confiança de que a Bolsa Bovespa de Mercadorias e Futuros será um case de sucesso nos próximos anos.
Com as pesadas vendas dos estrangeiros, CSN e OGX sofreram bastante. Aproveitamos para aumentar nossa posição nas duas companhias, com destaque para CSN. Bem posicionada em siderurgia e mineração, a empresa está pronta para investir e aproveitar o bom momento da economia brasileira, além de capturar a elevação do preço do minério de ferro. Já OGX continuará bastante volátil movida pelos fatos relevantes derivados das diversas perfurações que serão realizadas no ano.
Aproveitamos os preços atrativos para aumentar a posição em BISA3. Os resultados vieram em linha e a venda do projeto da Faria Lima foi um bom trigger para as ações no final do mês. A estratégia será ao longo de junho diversificar nossa posição em construção civil, reduzindo um pouco a exposição em BISA e indo para EZTEC ou MILS.
Cremer teve um comportamento parecido com BISA, ao cair no intra-mês e fechar bem próximo ao valor de final de abril. Só não aumentamos nossa posição em Cremer durante o mês, pois os aportes não foram suficientes para comprarmos tudo o que queríamos. Em momentos de baixa sempre há mais oportunidades do que dinheiro.
O desempenho de General Shopping na bolsa segue decepcionante. Ainda que os resultados não tenham sido dos melhores, não vejo justificativas para uma queda de quase 15% no mês, exceto em virtude da reduzida liquidez. Continuo otimista com o setor de shopping centers e com a Companhia.
Durante o mês, recebemos dividendos de CREM3, BISA3 e BVMF3. Para junho temos provisionado o recebimento de dividendos de CSNA3.
No final do mês, nosso portfólio fechou da seguinte forma: BISA3 com 26,5%; CSNA3 com 23,7%; OGXP3 com 15,8%; CREM3 com 15,6%, BVMF3 com 10,3%; GSHP3 com 6,1% e 1,7% em caixa.
Durante o mês, tive a oportunidade de ler o livro O Cisne Negro, de Nassim Nicholas Taleb, que recomendo a TODOS, principalmente aqueles envolvidos de alguma forma com o mercado financeiro. Devemos ser cuidados com as previsões e aumentarmos nossas exposições aos cisnes negros positivos.
Em Junho, espero completarmos nosso primeiro ano com um resultado positivo. Em algum momento, os fundamentos da economia brasileira prevalecerão.
Relatório Mensal do Clube de Investimento
Maio: pacotes europeus
No relatório de abril, comecei falando que achava pouco provável que não fosse costurado um plano de resgate a Grécia. Logo no começo de maio, a Europa anunciou um plano de socorro ao país heleno superior a 100 bilhões de euros. Tal plano não foi suficiente para acalmar os mercados, apenas salvou a Grécia do caos econômico, embora a sociedade tenha ido às ruas para protestar das contrapartidas. Com os mercados ainda em pânico e a aversão ao risco subindo rapidamente, a comunidade européia surpreendeu o mercado e anunciou um plano de 750 bilhões de euros para garantir a liquidez e solvência dos governos e bancos dos países europeus. Foi uma demonstração de ação por parte de uma Europa sempre lenta em tomar decisões.
O mercado reagiu imediatamente. No Brasil o dólar tinha alcançado a nada desprezível cotação de 1,89 e caiu bruscamente até 1,77. O euro que apresentava uma tendência de baixa suspirou, ainda que por 1 dia. Mas, digerida a surpresa inicial, os agentes voltaram a desconfiar da Europa, dadas as severas restrições fiscais que um plano deste montante teria como contrapartida. A recuperação será lenta e o crescimento baixo por alguns anos.
Novamente a aversão ao risco explodiu e o dólar bateu no 1,89. A cotação euro/dólar atingiu mínimas recentes por volta de 1,20. As bolsas por todo o mundo foram castigadas. Por aqui, no pior momento, 20 de maio, o IBOVESPA fechou aos 59.684 pontos. Vale ressaltar que em um mês com tantas turbulências, até problemas operacionais afetaram as bolsas. Supostas ordem erradas afundaram a bolsa americana e acionaram uma series de stop loss, potencializando perdas em todos os mercados. O saldo: pior mês para as bolsas no ano e euro muito fraco.
No Brasil, o mês foi carregado de resultados corporativos e indicadores econômicos. Os bons resultados foram ignorados frente a uma situação de quase caos pelo mundo. A bolsa fechou em -6,64% (em abril -4,04). As empresas de commodities foram duramente penalizadas com as vendas generalizadas dos investidores estrangeiros. Sofreram menos, mas sofreram, as ações de empresas voltadas para o consumo interno ou com baixa presença de estrangeiros. Importante enfatizar que os fundamentos da economia brasileira seguem inalterados. A expectativa de crescimento para este ano segue acima dos 6% e a confiança dos consumidores e das empresas continua alta.
Neste cenário de baixa da bolsa, podemos comemorar o resultado do nosso clube no mês, apenas -1,91%. Nos piores momentos do mês, vários cotistas fizeram aportes que elevaram o patrimônio do clube em 25%. Com isto, conseguimos comprar algumas ações com preços bastante atrativos. Em uma possível recuperação da bolsa no curto prazo, deveremos ser beneficiados com a estratégia adotada em maio. Nos momentos de pânico, quando todos estão saindo, é hora de entrar.
No começo do mês, MPX atingiu o target de venda. Em menos de duas semanas conseguimos resultado superior a 5%. Por outro lado, aproveitamos para comprar BVMF3 abaixo dos R$ 11. Os planos internacionais ambiciosos da bolsa brasileira somado ao potencial do mercado interno dão confiança de que a Bolsa Bovespa de Mercadorias e Futuros será um case de sucesso nos próximos anos.
Com as pesadas vendas dos estrangeiros, CSN e OGX sofreram bastante. Aproveitamos para aumentar nossa posição nas duas companhias, com destaque para CSN. Bem posicionada em siderurgia e mineração, a empresa está pronta para investir e aproveitar o bom momento da economia brasileira, além de capturar a elevação do preço do minério de ferro. Já OGX continuará bastante volátil movida pelos fatos relevantes derivados das diversas perfurações que serão realizadas no ano.
Aproveitamos os preços atrativos para aumentar a posição em BISA3. Os resultados vieram em linha e a venda do projeto da Faria Lima foi um bom trigger para as ações no final do mês. A estratégia será ao longo de junho diversificar nossa posição em construção civil, reduzindo um pouco a exposição em BISA e indo para EZTEC ou MILS.
Cremer teve um comportamento parecido com BISA, ao cair no intra-mês e fechar bem próximo ao valor de final de abril. Só não aumentamos nossa posição em Cremer durante o mês, pois os aportes não foram suficientes para comprarmos tudo o que queríamos. Em momentos de baixa sempre há mais oportunidades do que dinheiro.
O desempenho de General Shopping na bolsa segue decepcionante. Ainda que os resultados não tenham sido dos melhores, não vejo justificativas para uma queda de quase 15% no mês, exceto em virtude da reduzida liquidez. Continuo otimista com o setor de shopping centers e com a Companhia.
Durante o mês, recebemos dividendos de CREM3, BISA3 e BVMF3. Para junho temos provisionado o recebimento de dividendos de CSNA3.
No final do mês, nosso portfólio fechou da seguinte forma: BISA3 com 26,5%; CSNA3 com 23,7%; OGXP3 com 15,8%; CREM3 com 15,6%, BVMF3 com 10,3%; GSHP3 com 6,1% e 1,7% em caixa.
Durante o mês, tive a oportunidade de ler o livro O Cisne Negro, de Nassim Nicholas Taleb, que recomendo a TODOS, principalmente aqueles envolvidos de alguma forma com o mercado financeiro. Devemos ser cuidados com as previsões e aumentarmos nossas exposições aos cisnes negros positivos.
Em Junho, espero completarmos nosso primeiro ano com um resultado positivo. Em algum momento, os fundamentos da economia brasileira prevalecerão.
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