domingo, 9 de dezembro de 2012
the illusion of understanding
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
by appointment to the Royal Danish Court
segunda-feira, 28 de maio de 2012
Irmão, é preciso coragem
terça-feira, 13 de março de 2012
Two Targets, Two Instruments
Lendo o texto, parece que ele foi contratado pelos autoridades brasileiras para justificar a queda da SELIC sem prejuízo do sistema de metas de inflação e a intervenção no câmbio para conter a apreciação do real. Ainda que não seja opinião do FMI, o texto foi “Authorized for distribution by Olivier Blanchard”.
(http://www.imf.org/external/pubs/ft/sdn/2012/sdn1201.pdf)
“If EME central banks worry about currency movements away from medium run levels (which, we argue, they typically do), then an IT-cum-sterilized-FX-intervention regime may provide the best of both worlds: the discipline of IT with the exchange rate responsiveness of a managed float.”
Os economistas argumentam que a persistência é um importante parâmetro entre a escolha de intervenção no câmbio e utilização de juros para conter o fluxo de capital. Quando o fluxo é temporário, a intervenção funciona melhor. Se o fluxo se mantiver persistente, os juros precisarão ser reduzidos mais que o necessário. Olhando a decisão da semana passada de corte de 0,75% poderíamos inferir que finalmente as autoridades brasileiras se deram conta de que o fluxo de investimento tende a ser mais persistente e passarão a utilizar o canal dos juros como complemento às intervenções no cambio? Parece que sim.
“... when the shock is more persistent, the policy interest rate will be lowered by more, thus playing a larger role relative to FX intervention. This accords with the usual intuition that the authorities should allow the economy to adjust to permanent shocks (including capital inflows) but intervene to absorb temporary shocks that move the economy away from its medium-term equilibrium.”
Além disto, argumentam que o BC não deveria especificar um nível para o cambio, do contrario poderia incentivar os agentes a tomarem posições de carry trade. “... if the central bank is perceived as defending a specific parity, this could encourage greater carry trade to take advantage of interest rate differentials (since downside risk for investors would be limited).”
Como conclusão, os autores apontam que a utilização de intervenções no cambio longe de prejudicar o regime de metas, contribui para a percepção dos agentes de que as autoridades estão comprometidas em manter a inflação sob controle.
“When the central bank is seeking to entrench its commitment to low inflation in the eyes of the public, a two-instrument IT framework may yield significant benefits. ... In response, for instance, to a destabilizing increase in capital inflows, the central bank can both lower the policy rate and intervene in the FX market to limit appreciation, in much the same way as it would do under unconstrained full discretion, but while avoiding the inflationary bias that would otherwise result from discretionary policies. Far from being reticent to use the second instrument, central banks should embrace its use as being fully consistent with the IT framework.”
E assim, “Dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 9,75% a.a., sem viés, por cinco votos a favor e dois votos pela redução da taxa Selic em 0,5 p.p.”
Novamente, o mercado foi “surpreendido” como ocorreu em agosto de 2011. Na sexta-feira anterior ao COPOM, noticia no Valor mostrava que todas as casas consultadas previam queda de 0,5pp. Entretanto, a curva de juros já apresentava apostadores acima de 0,5% na quinta-feira, depois do anuncio do ECB sobre mais meio trilhão de euros para os bancos e dos discursos de diversas autoridades do governo. De segunda a quarta a curva foi ganhando novos apostadores até chegar a quase 70 bps na quarta-feira a tarde. Ao final do dia, o COPOM anunciou a queda de 0,75%.
No domingo a noite (12/03), o mercado foi “surpreendido novamente” com a noticia de que o prazo foi prolongado de 3 para 5 anos para o IOF nos empréstimos exterior. E com toda surpresa o USD chegou a 1,83. Os instrumentos de política monetária e cambial do governo parecem não ter fim. Qual o limite de intervenção? Ninguém sabe. Por enquanto, acho que o governo deve aguardar e ver como o mercado vai reagir às medidas divulgadas recentemente mas está claramente pronto para intervir sempre que a moeda entrar em uma zona de desconforto. Como falamos no começo deste ano, “keep your eye on the ball”.
Enquanto FHC ficou conhecido como responsável por acabar com a inflação e Lula como o pai dos pobres (aumento expressivo da classe C), Dilma quer ficar conhecida como a responsável por derrubar os juros no Brasil. A questão dos juros é um dos grandes paradigmas da economia brasileira e se olharmos o mundo há espaço para quedas adicionais em um contexto desinflacionario de curto prazo, ainda que existam preocupações relevantes com a inflação no médio prazo em virtude do tamanho “nunca antes na historia” dos balanços dos bancos centrais mundo a fora.
Estamos diante de uma mudança no patamar de juros no Brasil? Podemos sentir saudades de uma NTN-F 21 a 11,16% ao ano.
sexta-feira, 2 de março de 2012
"Tsunami Monetário"
O Tsunami a que se refere Dilma é a gigantesca injeção de dinheiro levada a cabo pelos bancos centrais ao redor do mundo. USA, Japão, Inglaterra e União Européia injetaram mais de USD 4,5 tri desde o inicio da crise. Apenas nesta semana o BCE injetou EUR 530 bi no sistema financeiro. Todo este dinheiro precisa ir para algum lugar em busca de rendimento. É difícil o BCB lutar contra toda esta montanha de dinheiro em circulação, mas há muitos instrumentos disponíveis para reduzir a volatilidade no real. Com tanto dinheiro em circulação parece difícil ficar pessimista. O otimismo continua pelo menos pelos agentes atrás dos terminais bloomberg mundo afora. Mas e no mundo real onde as coisas de fato acontecem?
Hoje, o Conselho de Ministros da Espanha anunciou o cenário para o ano de 2012: contração do PIB em 1,7%, déficit de 5,8%, corte de 630 mil empregos e taxa de desemprego de 24,3%. Este é o cenario traçado pelo governo. Em geral, governos são otimistas. As coisas não estão muito melhor na Italia que eliminará a isenção que a Igreja tem no pagamento do Imposto de Bens Imoveis. A expectativa é recolher EUR 700MM da Igreja Italiana.
All in all, continuo reticente que todo este otimismo persistirá por muito tempo enquanto a demanda não apresentar sinais consistentes de melhora. Não há dinheiro no mundo que force famílias e empresas a consumirem e investirem enquanto incertezas de médio e longo prazo persistirem. E isto leva tempo ...
domingo, 26 de fevereiro de 2012
Reflexão: Crédito
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Ações X Renda Fixa X Ouro
" Buffett faz uma conta convincente para mostrar que o ouro também não vai se valorizar para sempre. Ele afirma que todo o estoque mundial do metal representa cerca de 170.000 toneladas métricas. Se todo o ouro do planeta fosse depositado no mesmo lugar, caberia em um cubo com lados de 20,7 metros – ou seja, algo com folga acomodável em um campo de futebol. Considerando que a onça de ouro custa cerca de 1.750 dólares, esse cubo valeria nada menos do que 9,6 trilhões de dólares.
Com o mesmo dinheiro, no entanto, um investidor poderia comprar todas as terras cultiváveis dos Estados Unidos mais 16 empresas do tamanho da Exxon Mobil (a mais lucrativa do mundo atualmente) e ainda sobraria 1 trilhão de dólares para escolher outros ativos. “Você pode imaginar algum investidor que escolheria a primeira opção em vez da segunda?”, pergunta o bilionário. "
Matéria original na Fortune.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Keep your eye on the ball
Otimismo! Passada a primeira semana de Janeiro, o otimismo passou a ser o sentimento predominante nos agentes nas ultimas duas semanas.
Mesmo com o rebaixamento em massa dos países europeus e os depósitos recordes dos bancos no ECB, os agentes voltaram a comprar pesadamente títulos soberanos europeus, investir em bonds corporativos dos países emergentes e aplicar em ações no Brasil.
Para as empresas com ações listadas nos EUA, dizem que a janela fecha em 15/02. Por sua vez, empresas e bancos no Brasil estão aproveitando para captar e mesmo antecipar com receio de que a coisa possa vir a piorar. O fluxo de USD foi grande para o Brasil nos ultimos dias jogando o cupom cambial para baixo. O BRL está testando o 1,75, onde parece um importante suporte.
Particularmente, ainda não estou convencido de que a coisa toda virou. Não sei se os preços atuais levam em conta uma recessão na Europa. O Banco de Espanha, por exemplo, espera uma queda de 1,5% no PIB este ano (http://www.expansion.com/2012/01/23/economia/1327309605.html).
A situação política ainda é bastante difícil e no final o downgrade dos europeus pode ajudar no sentido de pressão política sobre os governantes em busca de reformas estruturais.
O que mais anda me incomodando mesmo são os preços internacionais das commodities. Ainda que a expectativa de relaxamento da política monetária chinesa traga algum suporte para os preços em geral, a demanda segue fraca e me arrisco a dizer que continuará assim durante o primeiro trimestre.
Os agentes de mercado tendem a naturalmente exagerar os movimentos, ora com otimismo excessivo, ora pessimistas ao extremo. Ninguém quer perder a festa. Ninguém quer ficar para trás. Tenho receio de que estamos diante de um otimismo exagerado. A volatilidade medida pelo VIX está baixa. O Risk Reversal para 1 mês esta no nível mais baixo desde 05/08/11, quando os EUA foram rebaixados pela S&P. A solução para a divida da Grécia parece caminhar para um fim satisfatório (pelo menos para a Grecia). Em fevereiro, o ECB fará novo leilão e injetará no sistema financeiro europeu tantos bilhões quanto os bancos pedirem. Novamente, Lagarde do FMI, voltou a discutir com Draghi o aumento do fundo de resgate para EUR 1 tri. O que pode atrapalhar? A política. No Brasil, alguma intervenção ou medida cambial. Na Europa, dificuldade de consenso. Nos EUA, o clima esquentar com as eleições presidenciais.
Acredito que veremos melhoras significativas no segundo semestre enquanto no primeiro ainda estou reticente em acreditar que a volatilidade continuara baixa como agora. Por isto, “keep your eye on the ball”.