sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A Boa Sorte

Constantemente escutamos as pessoas a reclamarem de que não têm sorte. Ou dizem que seus colegas de mais sucesso tem e tiveram muita sorte na vida. Mas será mesmo que não temos controle nenhum sobre nossos destinos e estamos ao acaso? Particularmente, não concordo com isto. Acredito que a "sorte" é um sinonimo de estar preparado diante das constantes oportunidades que aparecem em nossa vida.

Ontem a noite, li um livro que através de uma criativa e inspiradora parábola trata deste assunto, atribuindo a Boa Sorte àqueles que a busca. Os dois autores de Barcelona, Álex Rovira Celma e Fernando Trías de Bes, apresentam as 10 regras da Boa Sorte através de uma parabola envolvendo Merlin e dois caveleiros em busca do Trevo Mágico.

Abaixo segue a citação das 10 regras, sem contudo contextualizá-las na parabola, deixando que o proprio leitor aproveite o enredo da estoria.

1 - A sorte não dura muito tempo, pois não depende de você. A Boa Sorte é criada por você, por isso dura para sempre.
2 - Muitos são os que querem ter a Boa Sorte, mas poucos os que decidem buscá-la.
3 - Se você não tem a Boa Sorte agora, talvez seja porque está sob as circunstâncias de sempre. Para que ela chegue, é conveniente criar novas circunstâncias.
4 - Preparar as condições favoráveis para a Boa Sorte não significa buscar somente o benefício para si mesmo. Criar as condições nas quais outros também ganham atrai a Boa Sorte.
5 - Se você deixar para amanhã o trabalho que precisa ser feito, a Boa Sorte talvez nunca chegue. Criar as condições favoráveis requer dar um primeiro passo. Faça isso hoje mesmo.
6 - Às vezes, mesmo que as condições necessárias estejam aparentemente presentes, a Boa Sorte não chega. Procure nos pequenos detalhes o que for aparentemente desnecessário... mas imprescíndivel.
7 - Para que só acredita no acaso, criar as condições favoráveis parece absurdo. Para quem dedica a criar as condições favoráveis, o acaso não é motivo de preocupação.
8 - Ninguém pode vender sorte. A Boa sorte não se compra. Desconfie dos vendedores da sorte.
9 - Após criar todas as condições favoráveis, tenha paciência, não desista. Para alcançar a Boa Sorte, tenha confiança.
10 - Para criar a Boa Sorte é preciso preparar as condições favoráveis para as oportunidades. As oportunidades, porém, não dependem de sorte ou de acaso: elas estão sempre presentes.

É uma leitura rápida, simples e gostosa. Concordo inteiramente com a mensagem na capa de que é "Um livro que todos os pais deveriam dar a seus filhos para ensiná-los a criar as condições de sucesso na vida".

E você? Acredita que a vida é injusta, que você não tem sorte. Ou pelo contrário, você se prepara para a Boa Sorte?

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Vai viajar? Proteja-se (do câmbio)

Com a forte valorização do real ocorrida em 2009, quando o dólar saiu de um patamar acima de R$ 2,30 para fechar o ano a R$ 1,74, as viagens internacionais voltaram a ser atrativas. Somando à desregulamentação dos preços das passagens áreas, viajar para o exterior é, em alguns casos, mais barato que viajar para o Nordeste.

As agências de turismo preparam pacotes e os vendem em 10X "sem juros". Legal, você se prepara mais de 6 meses pagando a viagem e ainda tem prestações para pagar quando chega o grande dia de embarcar para EUA ou Europa. Passagens na mão, hotel reservado e visto concedido (quando é o caso), na semana anterior à viagem você começa a procurar uma agência de cambio para trocar seus reais por dólar, euro ou libra. Neste momento: SURPRESA! O dólar está acima de R$ 2,00 e o euro acima de R$ 3,00. Aqueles suados R$ 5.000 que compravam US$ 3.000 dólares agora só compra US$ 1.500. Bem, "vamos ter que gastar menos durante a viagem e o restante passamos no cartão. No mês que vem o câmbio volta ao normal". O que acontece no mês seguinte quando vem a fatura do cartão? SURPRESA! Mais desvalorização do real. A viagem que era mais barata que ir pra Natal, ficou mais cara que ir para a Lua (exageros a parte).

"E o que eu posso fazer? Não tenho controle sobre o câmbio!". Você pode se planejar e se proteger. Como? Basicamente há dois modos: comprando aos poucos a moeda do país para onde você vai ou entrando em um fundo cambial (dólar ou euro).

Explicando melhor: se você pretende viajar daqui 3, 6 ou 12 meses comece comprando dólar ou euro já (deduzindo que voce vai para os EUA ou Europa). Compre um pouco por mês até juntar pelo menos metade do montante que voce pretende gastar lá. Qual o inconveniente de se comprar todo mês moeda estrangeira? Primeiro, há o risco de voce ser roubado (literalmente) guardando em casa. Segundo, que seu dinheiro fica parado e você não ganha nada com isto. Qual a solução para estes dois problemas? Os fundos cambiais.

Os principais bancos do país oferecem a possibilidade de "investimento" em fundos cambiais de dólar. Neste quesito, o Banco do Brasil é o melhor e além de dólar oferece fundo em euro também. O investimento mínimo inicial é de R$ 1.000. Nestes fundos, você ganha (ou perde) a variação da moeda mais um juros (ainda que pequeno). Em contrapartida paga uma taxa de administração para o banco. BB novamente na frente com taxas bastante competitivas abaixo de 2,0% ao ano.

E se o dólar for para 1,40 e o euro para 2,30? Bem, neste caso você comprou estas moedas um pouco mais caro, mas garantiu a tranquilidade da sua viagem. Posso dizer por experiencia propria que vale a pena. Em 2008, quando fui morar na Europa eu garanti 30% dos meus gastos aplicando no fundo em euro do BB. Não me arrependi. No começo o real continou se valorizando e eu nem mexi no fundo. Aproveitei o euro mais "barato". Quando estourou a crise em setembro de 2008 e deu a disparada do dolar e euro, utilizei o fundo para cobrir meus gastos durante 3 meses na Inglaterra. Fiquei tranquilo enquanto lia as noticias de brasileiros com serios problemas para viajar em virtude da desvalorização da nossa moeda.

Pensando agora em 2010, para aqueles que pretendem viajar no segundo semestre, sugiro que pensem com carinho na estrategia de se proteger via fundo cambial ou mesmo guardando um pouco de moeda estrangeira em casa. A probabilidade do real se desvalorizar no segundo semestre é grande tanto em virtude das eleições no Brasil quanto das incertezas que rondam a economia mundial. O que você acha mais provavel: o dólar ir a R$ 2,00 e o euro a R$ 3,00 ou a R$ 1,50 e R$ 2,30? Portanto, proteja-se, mesmo que parcialmente.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O valor do amanhã

Ontem terminei a leitura do excelente livro de Eduardo Giannetti chamado o valor do amanhã. Muitos devem conhecer este titulos pelo quadro que ele teve no fantastico, por sinal, muito interessante. O livro, claro, é melhor ainda.

Oportuno falar em AMANHÃ no primeiro mês do ano (psicologicamente parece que começar um ano renova o espirito humano, ainda que alguns de meus amigos discordem disto). Giannetti aborda com bastante profundidade o tema juros, não apenas sob o aspecto monetario.

O livro está dividido em quatro partes com cinco capitulos cada: As raizes biologicas do dinheiro; imediatismo e paciência no ciclo de vida; anomalias intertemporais; e, por fim, juros, poupança e crescimento.

No prefácio, como de era de se esperar, dá a tônica do livro: "O fenômeno dos juros é, portanto, inerente a toda e qualquer forma de trocan intertemporal. Os juros são o prêmio da espera na ponta credora - os ganhos decorrentes da transferência ou cessão temporária de valores do presente para o futuro; e são o preço da impaciência na ponta devedora - o custo de antecipar ou importar valores do futuro para o presente."

O autor aborda desde as trocas intertemporais realizadas pelo nosso próprio organismo entre presente e futuro, passando por temas como a miopia (valor demasiado ao que está próximo, presente) e hipermetropia temporal (valor excessivo ao amanhã, futuro) com reflexões filosóficas profundas como "A moderação, concluo, tem seu mérito, mas ela também precisa ser moderada. O que se busca não é o tépido equilíbrio - "jamais desejar algo além da medida" -, mas a arte da tensão profícua". Na ultima parte aborda os juros como tradicionalmente costumamos vê-lo.

Por que algumas pessoas e sociedades parecem mais dispostas a esperar, postergando consumo, que outras? Para mim esta é uma das grandes reflexões do texto. Nos últimos dois capitulos, Eduardo discute bastante sobre isto, além de outros pontos. Imediatamente pensei no Brasil e seus altos juros que com dificuldade caem. Imediatamente o consumo explode, os juros sobem novamente. Equação simplificada, é claro, para "justificar" os juros altos. Para mim, o problema vem de longa data e a solução passa por alterações do marco institucional e uma evolução cultural de muitas gerações. No Brasil há um consumo represado gigantesco. Consumir agora, pagar amanhã. Leitura mais que recomendada.

Coincidência ou não, o relatorio de hoje (Empiricus_51) da casa de research Empiricus, aborda o tema objetivamente (como é de costume) com um texto entitulado "linearização". Dizem eles:

Do lado credor, Jonathan e Victor descobrem nossa tendência de subestimar a entrada do valor futuro, dados o valor presente, o horizonte temporal e a taxa de retorno. Do lado devedor, subestimamos o peso de amanhã do Valor Presente contratado agora. Erros explicados pelo que a literatura chama de "viés do crescimento exponencial" (VCE): os agentes não conseguem notar precisamente o declínio (aumento) no consumo futuro resultante de tomar emprestado (poupar) hoje.

Para entender melhor, vamos voltar ao colégio, onde aprendemos que:

Valor Futuro = Valor Presente * (1+i)^T

O termo (1+i)^T, uma função exponencial, representa indivíduos racionais, sem VCE. Já na vida bandida, fica assim: (1+i)^(1-W)*T. Dessa forma, o VCE pode ser descrito por um 0


Sugestão para economizar na compra do livro: novo site chamado memee. Ou no tradicional submarino.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Remorso por poupar demais

Li um texto hoje que vale a pena divulgar. Trata da questão entre o poupar demais hoje pensando no futuro. No final, você não acaba aproveitando o presente e no futuro se arrepende por não ter gasto mais no passado. É o famoso trade-off entre poupar e gastar.

Remorso de poupar demais pode ser maior do que o de gastar, diz pesquisa

Um estudo conduzido por pesquisadores das universidades de Columbia e Harvard detectou que pensar sempre no futuro, inclusive quando o assunto é dinheiro, não é tão positivo quanto se imagina.

A necessidade de se sentir eficiente e a tendência a se sentir culpado quando se faz alguma coisa "just for fun" (apenas para diversão, na tradução livre) é universalmente humano, diz o estudo, mas a obsessão pela produtividade pode fazer o indivíduo enxergar momentos de prazer - a exemplo de uma compra - como perda de tempo, irresponsabilidade ou imoralidade, o que não é bom.

Os pesquisadores Anat Keinan (Harvard) e Ran Kivetz (Columbia) disseram que o que acontece é que há pessoas que têm o hábito de superestimar os benefícios do que irão receber no futuro, por tomar decisões responsáveis agora. O nome dado ao fenômeno foi "hipermetropia", igual ao problema que acomete a visão, segundo publicado na Revista de Harvard dos meses de setembro e outubro.

Quando trazido para o lado financeiro, o hábito pode ser encarado da seguinte forma: a pessoa poupa muito dinheiro, pensando nas condições futuras, o que a leva a não consumir aqueles produtos de que mais gosta. No futuro, isso tende a gerar um grande remorso, maior até do que se ela tivesse comprado.

A professora de Harvard começou a pensar na questão depois de notar uma tendência de reclamação das pessoas por ter estudado muito e trabalhado demais, em detrimento de sair aos finais de semana e viajar, por exemplo. Os pesquisadores pensaram, então, em analisar este comportamento com um estudo formal, que foi aplicado em estudantes.

O resultado foi que, quando analisado o curto prazo, na escolha entre trabalho e prazer, quem escolheu a diversão se arrependeu mais. Mas quando consideradas decisões feitas há mais de cinco anos, mais pessoas se arrependeram de ter escolhido o trabalho.

Com base no estudo, a professora de Harvard detectou que grupos nos extremos são raridades, sendo eles os que gastam tudo com prazer ou os que vivem voltados para o trabalho. A maioria de nós está "no meio", segundo Anat, já que "pensamos que é importante o trabalho e ter objetivos e alcançá-los, mas também pensamos em outras coisas", como família, amigos, hobbies etc.

Ela finaliza dizendo que tomar uma decisão fútil hoje pode ser um investimento em uma recordação adorável e em um futuro de felicidade.
 
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