28 de Fevereiro 2010
Relatório Mensal do Clube de Investimento
Fevereiro: situação fiscal na zona do euro preocupa
Podemos dizer que no mês de fevereiro a bolsa andou de lado. No primeiro dia do mês fechou com alta de 1,79% aos 66.571 pontos. No dia 26, ultimo do mês, estava em 66.503. No mês, a alta foi de 1,68%. É como se o que importasse fosse apenas o primeiro dia.
A grande discussão do mês foi a situação fiscal na Zona do Euro. O termo cunhado foi PIGS numa analogia a porcos, em inglês. Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha foram apresentados como em situação critica e com alta probabilidade de default. Particularmente, acredito que apenas a Grécia tenha, de fato, uma situação critica. Mas acho pouco provável que a União Européia deixe a Grécia quebrar.
Com estas incertezas, os fundos de hedge acentuaram as apostas contra o euro. A paridade USD / EUR que em dezembro estava em 1,50, fechou fevereiro em 1,35, com forte desvalorização do euro. Além disto, com a fraca recuperação apresentada pelo Reino Unido, os fundos apostaram também contra a libra, pressionando fortemente a moeda britânica. De 1,70, trouxeram a paridade para 1,50. O mercado acredita na possibilidade de uma desvalorização adicional de 20% a 30% da libra. E o dólar segue forte.
Logo, a conclusão seria de que o real deve ter se desvalorizado no mês de fevereiro seguindo a tendência das moedas mundiais. Correto? Errado. O real se apreciou frente ao dólar, e conseqüentemente, frente ao euro e a libra. O real tinha sofrido bastante no mês de janeiro, mas em fevereiro voltou a ganhar força. De 1,87 veio para 1,81. Contra o euro fechou a 2,47 e contra a libra em 2,76, níveis historicamente baixos. Minha sugestão para quem vai viajar é já garantir parte da necessidade destas moedas a estas taxas.
No Brasil, as expectativas seguem otimistas. Alto crescimento da produção industrial, consumo e PIB. Preocupação do lado inflacionário com os dados fechados de janeiro e fevereiro que vieram acima do esperado. Acredito que os fatores sazonais pesaram bastante, mas que isto deve arrefecer a partir deste mês.
Com um mercado dividido entre o inicio do aperto monetário (elevação de juros) entre março e abril, o Banco Central (BC) tratou logo de mandar um recado subindo o compulsório (ou retirando parte dos estímulos concedidos durante a crise). Meu palpite é que os juros subam a partir de abril ou depois. O BC começará a agir com maior contundência depois do relatório de inflação de março e quando os dados apresentarem um panorama mais claro. Mesmo considerando o ano eleitoral, a mensagem do Meirelles, presidente do BC foi clara: O BC age de forma puramente técnica, desconsiderando o “calendário cívico”. Acredite quem quiser.
Olhando para o nosso umbigo, nossa carteira apresentou uma performance mensal abaixo do IBOVESPA: 0,71% contra 1,68%. Baixas adicionais em OGX prejudicaram nosso desempenho. Do lado positivo, tivemos Brookfield (BISA3), mas que não foi suficiente para compensar as perdas em OGXP3.
Seguindo a estratégia anunciada em Janeiro, saímos de Brasil Telecom. O baixo respeito ao acionista e a complexa estrutura societária do setor impedem a correta leitura do mercado. Melhor ficamos longe. Conseguimos sair em um bom nível intra mês. Se continuássemos, sofreríamos perdas adicionais superior a 6%. Adiós.
Em substituição, compramos Cremer (CREM3). Indústria bem posicionada no setor de “cuidados com a saúde”, atuando nos segmentos hospitalares, consultórios e varejo. Alta distribuição de dividendos (6% ao ano) e com grandes possibilidades de crescimento dada a realidade brasileira de envelhecimento da população.
Tractebel (TBLE3) e General Shopping (GSHP3) praticamente não se mexeram. Mesmo com o bom resultado divulgado pela primeira, os papeis fecharam o mês com uma ligeira alta. Em General Shopping espero resultados positivos para o ano, com o shopping Outlet Premium na Rodovia Bandeirantes superando as expectativas. “Superar as expectativas” é sempre um bom driver de alta.
Com os aportes realizados no mês e as alterações na carteira, nosso portfólio fechou o mês da seguinte forma: BISA3 com 23,79%; OGXP3 com 20,68%; CREM3 com 19,67%; TBLE3 com 13,59%; GSHP3 com 12,89% e 9,38% em caixa.
Para Março, a expectativa é de alta com o fim da divulgação de resultados corporativos no Brasil e um possível plano de ajuda a Grécia (ou no mínimo algum comunicado reconfortante). Com a alta volatilidade de OGXP3 e BISA3, vamos tentar aproveitar alguma oportunidade para trades de curto prazo com estas duas ações. Para o caixa, estamos de olho em BVMF3 (BM&F e BOVESPA) e CIEL3 (Cielo, ex-Visa Net).