domingo, 28 de abril de 2013

SELIC subiu e o TOMATE caiu ...


A subida frenética do preço do tomate chamou a atenção da imprensa e virou piada nacional. No dia 07/04, fui ao supermercado e o tomate estava a R$ 9,98 kg. Depois da reunião do COPOM em que decidiu elevar a taxa básica de juros em 0,25%, o preço do tomate despencou para R$ 3,98 em uma rápida resposta do mercado a política monetária contradizendo assim a teoria de que são necessários alguns meses para alteração de juros surtir efeito na econômica real.
                                                             
Foto de 07/04/13        

      


Foto de 20/04/13

Brincadeiras à parte, o banco central definitivamente mudou o tom do discurso. Como não se faz política monetária apenas com discursos, o COPOM agiu para conter as expectativas e subiu a SELIC em 0,25%. A divulgação da ata do COPOM ontem pela manha sinalizou a preocupação com a inflação sob diferentes óticas e deixou as portas abertas para elevações superiores a 0,25%. Tal ideia foi corroborada pelo diretor de política econômica ao final de um evento ontem em São Paulo. Tive a oportunidade de estar presente quando Carlos Hamilton, na ultima frase do evento disse: “Cresce em mim a convicção de que o COPOM poderá ser instado a refletir sobre a possibilidade de intensificar o uso do instrumento de política monetária, a taxa SELIC”. Ele disse obrigado e o evento acabou.

Em um cenário em que o banco central do Japão ligou a maquina de impressão de dinheiro para trabalhar 36 horas por dia em busca de 2% de inflação,em um contexto global ainda de recuperação lenta e relaxamento monetário e os juros com tendência de alta no Brasil, o governo terá bastante trabalho em manter o real acima de R$ 1,95. Lembrando apenas a frase dita em fevereiro pelo Fernando Pimentel, Ministro do Desenvolvimento: “Vai ficar por aí, nesse universo em torno de R$ 2. O câmbio a R$ 1,96 está em torno de R$ 2, a R$ 2,05 está em torno de R$ 2. Claro que, para o sujeito que exporta, faz diferença entre R$ 2,05 e R$ 1,96, mas ele tem de ter hedge, aí é o risco do mercado, do câmbio flutuante. ... É flutuante, porém vigilante, uai. Estamos vigiando para ele ficar nisso aí, para não cair muito, nem subir muito.” Além disto, ontem o Carlos Hamilton comentou que o BC trabalha com um cenário de cambio estável. Em minha opinião, o governo parece disposto a não deixar a inflação sair do controle, cambio estável/desvalorizado, juros baixo e política fiscal expansionista. Na vida real, é difícil a execução desta estratégia.

Continuo preocupado com a expansão da demanda e acredito estarmos próximos ao limite de endividamento das famílias. Com um mercado de trabalho apertado, taxa de investimento baixa e a economia crescendo pouco, o governo deverá priorizar crescimento pelo menos até as próximas eleições. Neste contexto, acredito em um real mais fraco, ou seja, governo continuará lutando para manter o câmbio acima de 1,95 por todo ano com tendência de desvalorização no segundo semestre se a inflação se comportar e o crescimento patinar.
 
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