terça-feira, 20 de outubro de 2009

Dá-lhe IOF nos estrangeiros

Hoje (19/10), ao chegar em casa após um dia cansativo de treinamento, vejo a noticia de que o governo resolveu taxar a entrada de capital estrangeiro para investimentos em bolsa e renda fixa. A aliquota será de 2% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) logo na entrada do dinheiro.

Se bem entendi, se o investidor trouxer R$ 100 (já covertidos) deixa R$ 2 para o governo. Considerando que as taxas de juros no mundo estão abaixo de 1% ao ano nas principais economias (1% na Europa, 0,5% na Inglaterra e 0,25% nos EUA), esta aliquota é um pesado desincentivo para "especular" com o Brasil. Agora, se o estrangeiro vem com a intenção de médio e longo prazo, estes 2% não são nada. Continuarão vindo ainda que mais lentamente.

Particularmente, não gosto deste tipo de medidas. Ora isenta o capital estrangeiro. Ora o taxa. Começa a vir muito, eleva imposto e assim vai "brincando" com os investidores estrangeiros, que de bobos não têm nada. Uma hora eles se enchem e saem correndo do Brasil. Se levarem USD 20 bilhões como no ano passado, a bolsa vai lá para os 30 mil pontos. Claro que exagerei um pouco na análise, mas em linhas gerais é este problema de imagem, credibilidade e desconfiança que estes tipos de medidas geram. Nunca se sabe o que o governo brasileiro pode fazer. De uma hora para a outra pode mudar tudo.

A justificativa do Mantega foi a seguinte: "Há um excesso de aplicações de estrangeiros e nós não queremos ver uma bolha se formando na bolsa". O mais estranho é que na sexta o Lula afirmou: "Estou há três dias viajando. Vou voltar no final de semana e não tem nenhuma previsão de fazer qualquer taxação em lugar nenhum". Quem acredita ainda neste governo? Ou neste país?

Veremos se no curto prazo o governo terá "exito". Frear a forte apreciação do real e evitar a formação de uma bolha(?). Se depender do after market de hoje com recorde de negociação é provavel que o governo consiga algo no curto prazo. Os próximos pregões dirão. E eu vou estar viajando.

sábado, 17 de outubro de 2009

Santander: aposta e decepção


No dia 07 de outubro as units do banco Santander (SANB11) começaram a ser negociadas na Bovespa. A expectativa era grande para o maior IPO do ano no mundo. As ações foram precificadas a R$ 23,50 dentro do intervalo inicial. Uma ala do mercado, na qual me incluo, estava bastante otimista com a oferta publica ainda que a precificação gerasse multiplos superiores aos principais bancos nacionais (Bradesco e Itau Unibanco). A outra ala considerava o Santander caro demais.

Os que acreditaram numa rápida e forte apreciação motivada pelo potencial do banco e o bom humor internacional se decepcionaram. Os céticos, ou os que achavam que estava caro, regozijaram-se ao ver as ações despencando logo no primeiro dia e comentaram: "Eu já sabia", "Te avisei que estavam caras". Falar do passado é sempre fácil.

Para o investidor dententor das ações a unica boa noticia era que o rateio para o varejo foi alto e apenas 8,16% da reserva foi atendida mais R$ 3.000. Foram poucas ações.

O mercado abriu próximo das 10:30. O papel começou caindo, deu um repique até os R$ 23,60 e reverteu indo ladeira abaixo. Quase na mínima do dia compramos um pouco mais aguardando um repique no dia seguinte.

Aqueles que reservaram para vender no primeiro dia assumiram prejuizos. Não era o nosso caso. Queriamos manter o papel por um tempo em carteira mas diante do pessimo início decidimos aguardar alguns dias para ver como o mercado reagiria.

Para nossa surpresa, enquanto o indice subia forte, a ação despencava. No pior momento bateu nos R$ 22 (pobre dos que venderam). Nos dias seguintes a ação se recuperou um pouco oscilando entre os R$ 22,5 e os R$ 23. Durante 3 dias o papel bateu nos R$ 22,99 e voltou. O mercado continuava subindo.

O desejo de se desfazer do papel crescia. Nossa carteira estava concentrada em Santander e estavamos vendo o mercado subir e nossa ação cair. Diante da dificuldade em acompanhar uma ação sem historico, apresentando quedas enquanto o mercado subia (imagina se houvesse uma realização geral) e uma aparente sobrecompra do índice, decidimos vender os papéis para realocarmos a carteira.

A ordem de venda foi dada na quarta (14/10) com validade até sexta (16/10) ao preço máximo atingido na semana de R$ 22,99 que aparentava ser uma forte resistência.
O que aconteceu no dia seguinte? A ação se valorizou fortemente deixando a resistência para trás e fechando próximo aos R$ 23,40, acima do nosso break even de R$ 23,17. Já era tarde. A ordem tinha sido executada a R$ 22,99.

Na sexta a ação bateu nos R$ 23,70 e voltou para fechar a semana a R$ 23,40. O resultado da operação ficou em 1%, não sendo de todo ruim, mas a rápida resposta do mercado 1 dia após a ordem de venda foi como um tapa na cara. Olhando depois do termino da semana seria fácil dizer para ter esperado até sexta e vendido. Mas e se a bolsa tivesse realizado forte e a ação despencado? O prejuízo seria muito maior.

Abaixo segue o gráfico (bloomberg) da SANB11 até as 14h de sexta (16/10). Façam suas análises e tirem suas conclusões.

Tudo começa como um clube

Reportagem divulgada esta semana na Isto É dinheiro mostra como amigos ou parentes começam a investir em ações através de clubes de investimentos e crescem tanto até se transformarem em fundos de investimento.

Particularmente, acredito que os clubes são boas ferramentas para aqueles que estão começando no mercado (leia outros textos escritos por mim sobre os clubes clicando aqui ou aqui). Exigem um capital pequeno para começar e permitem trocas de experiencias e informações entre os cotistas. Não é tão simples quanto parece registrar um clube formalmente, exige dedicação e muito força de vontade dos fundadores. Mas historias como as apresentadas na reportagem mostram quais são os resultados para aqueles que persistem.

Esta é a mesma ideia que divido com algums amigos no clube de investimento que faço parte. Fundado em junho deste ano, esperamos que em 5 anos possamos aprender bastante sobre o mercado financeiro e criarmos musculatura financeira e intelectual para continuarmos avançando em busca de nossa independencia financeira.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Oferta Pública: Entenda

A oferta pública de ações é o evento em que a companhia oferta ações ao mercado. Na primária, o dinheiro levantado vai para o caixa da empresa que o utilizará para aquisição, expansão, redução de endividamento ou algo do gênero. Já na secundária, acionistas da empresa vendem suas ações ao mercado e embolsam o dinheiro. No caso do Santander, o banco ofertou units (papel formado por ações ordinárias e preferenciais) negociadas com o código SANB11. O montante de R$ 14,1 bilhões arrecadado com a venda de 600.000.000 (seiscentas milhões de units) a R$ 23,50 será utilizado para a expansão do banco no Brasil.

Pelo cronograma da oferta, os pedidos de reserva dos interessados em tornar-se sócio do banco no Brasil começaram no dia 28/09 e terminaram no dia 05/10. No dia 06/10 o preço de R$ 23,5 foi anunciado com base no processo de bookbulding (quanto os investidores estariam dispostos a pagar por X ações). No dia 07/10, inicio das negociações, foi divulgado o número de ações que cada investidor conseguiu.

Vamos a um exemplo prático: um investidor comum reservou R$ 9.000. No dia 07/10, o Santander anunciou que os investidores de varejo foram atendidos integralmente até o valor de R$ 3.000 (o mínimo) e o excedente sofreu um rateio de 8,14%. Ou seja, este investidor comum recebeu R$ 3.000 mais 8,14% dos outros R$ 6.000. Total financeiro de R$ 3488,4. Ao converter em ações, o investidor receber R$ 3488,4 dividido por R$ 23,5, totalizando 148 ações (a divisão seria 148,44, mas as casas decimais são desprezadas, pois não existe 0,44 de uma ação).

Mas por que ocorre este rateio? Por que as reservas não são atendidas integralmente? Simples: demanda. Há um número limitado de ações sendo ofertadas. Quando a demanda supera esta oferta, ocorre o rateio. Foi exatamente isto que ocorreu no caso do Santander.

Falando em Santander, no final, para o investidor comum, o rateio acabou sendo positivo, uma vez que as ações despencaram 3,74% na estreia, fechando a R$ 22,62. O banco decepcionou os que apostaram numa alta imediata como ocorreu com os grandes IPOs (termo em inglês para Initial Public Offering). Venceu a tese de que as ações estavam caras comparadas a Itau e Bradesco. Seria um sinal indireto de que a tendência de alta do IBOVESPA perde força e estaríamos diante de uma realização iminente?

sábado, 3 de outubro de 2009

Brasil: O país do Esporte


Pan, mundial de natação, copa do mundo e agora as OLÍMPIADAS ! Tudo conspirando para que o Brasil alcance seu lugar ao sol. Nem Obama conseguiu ajudar Chicago na disputa. Lula é o cara (sem entrar no mérito politico). Convocou uma tropa de choque: Paulo Coelho, Pelé, Meirelles e muitos outros. Rio é a cidade maravilhosa. Ganhamos ! E cá estamos escrevendo algumas linhas refletindo sobre o que nos aguarda até 2016.

E o que isto tem a ver comigo que não sou mais atleta? Além do turismo, vejo OPORTUNIDADES. Econômicas, financeiras, sociais, etc. Serão bilhões de reais, dólares, euros yens jorrando para o Brasil pelo menos até 2016.

Todos estes eventos geram necessidades de infra-estrutura para qualquer país. Imagine para o Brasil, país carente nesta área. Se ainda havia dúvidas da construção do trem de alta velocidade, eu estou convencido de que ele sairá do papel. Parte ficará pronta até a Copa de 2014 e o restante até as Olimpiadas de 2016. Estradas, aeroportos, metro, estádios e por aí vai. Somado ao boom da construção civil, o Brasil se transformará num gigantesco canteiros de obras, ainda que concentrado na região sudeste, é verdade.

Toda esta necessidade de infra-estrutura refletiu imediatamente na BOVESPA na sexta-feira (02/10/09). Enquanto as bolsas pelo mundo sofriam uma realização de lucros, a bolsa brasileira reverteu após o anuncio do Rio como sede das Olimpiadas e fechou em alta. Depois das 12:30, hora da desclassificação de Chicago e Madrid, investidores iniciaram compras freneticas de ações de empresas diretamente ligadas a tais eventos. Olhem os graficos de GOL (GOLL4), TAM (TAMM4), Gerdau (GGBR4), por exemplo. Quase 5% de alta em alguns minutos. Uma loucura irracional, eu diria. Estamos falando de 5 a 7 anos, ainda que os investimentos comecem bem antes.

O Brasil passa pela crise sem grandes traumas, se compararmos com o restante do mundo. O Mercado Interno continua forte, a Moody's nos levou ao grau de investimento, a economia deverá fechar o ano em ligeira alta. O país é visto pelos investidores estrangeiros como um dos melhores lugares para se investir nos proximos anos. Imaginem agora? O ceu é o limite para a bolsa.

Poderíamos ainda analisar os impactos sociais destes eventos. A motivação de nossas crianças para o esporte. A oportunidade de investirmos no desenvolvimento de equipes de alto desempenho. A alavancagem do turismo ao posto de um dos principais setores de nossa economia, ao bom estilo espanhol. Enfim, milhares de oportunidades que não podemos desperdiçar desta vez. Agora é nossa hora. Não deixemos que a corrupção e os politicos estraguem nossa festa.
 
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