quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Perspectivas 2010


O ano de 2009 foi surpreendente para os agentes do mercado financeiro. Motivados pela elevada liquidez promovida pelos bancos centrais de todo o mundo, os mercados financeiros reagiram rapidamente, praticamente voltando aos níveis pré-crise (agosto de 2008). No Brasil, o movimento foi ainda mais forte, com o real sendo a moeda que mais se apreciou no ano e a bolsa uma das que mais subiu. Resultado: os que estavam em 2008 e permanecerem se recuperaram quase que inteiramente, e os que entraram apenas este ano viram seus investimentos quase dobrar.

Para 2010, há dois grandes riscos (dentre outros): eleições no Brasil e como e quando serão retirados os estímulos econômicos no restante do mundo (Europa e EUA, sobretudo). O primeiro provem dos estilos de Jose Serra (juros baixos e câmbio competitivo) e Dilma Roussef (desenvolvimentista). O segundo afetará a liquidez e com isto, a aversão a risco aumentará e os mercados emergentes serão penalizados, afetando diretamente nossos investimentos em bolsa.

Em meu cenário padrão, sabendo de todas as dificuldades em se fazer previsões e como meras elucubrações, acredito que os estímulos econômicos serão retirados paulatinamente trazendo volatilidade aos mercados financeiros em espaços curtos de tempo (quando do anuncio das decisões). As economias de EUA e Europa se recuperarão lentamente e com dados mais consistentes de PIB e mercado de trabalho apenas no segundo semestre de 2010. Antes disto, é improvável que os bancos centrais iniciem um aperto monetário subindo juros.

Com um ambiente externo fraco, restará ao Brasil seu pujante mercado interno. Acredito num forte aumento do consumo, tantos das famílias quanto do Governo para 2010. Sabe-se de longa data a demanda reprimida existente neste país. Com juros historicamente baixos e perspectivas mais que positivas para a economia brasileira até 2016, os agentes irão às compras. Logo, empresas voltadas para o mercado interno tendem a se destacar na bolsa. Carros, imóveis, comida, roupas e por aí vai. Para tudo isto será necessário crédito. Se em 2009 os bancos públicos puxaram o consumo concedendo crédito, em 2010 os bancos privados vão querer tirar o atraso e devem ser mais agressivos nos empréstimos (vide capitalização do Santander). Em suma, com aumento da massa salarial (desemprego baixo e classe C bombando), dinheiro fácil e barato (para os padrões históricos) e o desejo de consumir, acho difícil o Brasil decepcionar em 2010, ainda que pese os todas as dificuldades e incertezas econômicas nos principais países desenvolvidos.

Dado este breve pano de fundo, minha aposta é para small caps voltadas para o mercado interno. Dentre elas, destaco em minha ordem de preferência:

BISA3 – Brookfield – setor de construção: a demanda segue forte e os estímulos dados pelo governo (programa Minha Casa Minha Vida, juros baixos) manterão o mercado imobiliário quente em 2010.

IDVL4 – Banco Indusval – voltado para médias empresas, foi bastante castigado durante a crise por ser um dos poucos bancos a reconhecer de fato altas provisões para perdas. A tendência é que estas provisões se revertam e as empresas voltem a tomar empréstimos para financiar investimentos.

DROG3 – Farmácia Drogasil – o consumo de medicamentos é um dos mais resilientes a crises e seu crescimento está diretamente associado ao aumento da renda per capita. No Brasil, o cerco contra a informalidade tem aumentado e deve ocorrer uma consolidação nos próximos anos. Há muitas pequenas farmácias que não serão capazes de competir contras as grandes redes.

MDIA3– M Dias Branco – comida, mais especificamente biscoitos e massas. O aumento da renda das pessoas, sobretudo nas classes mais baixas, impulsiona o consumo de alimentos. A empresa tem bom controle da cadeia produtiva (matéria-prima) e está bem localizada no mercado que mais cresce no país: Nordeste.

GSHP3 – General Shopping – brasileiro ADORA shopping. Impressionante. Shopping = compras/lazer = consumo.

MPXE3 – Empresa de energia do Eike – dentre todas as empresas citadas, esta é a que mais embute risco, mas por outro lado, com maior potencial de ganho. Considerada uma empresa de energia suja (térmicas a carvão, etc) responderá bem a uma iminente falta de energia em decorrência de acelerado crescimento da economia. Como os investimentos no setor elétrico foram baixos, se o país crescer mesmo 6% no ano que vem, vai faltar energia. As térmicas precisarão ser ligadas ou novas construídas rapidamente.

Das grandes, minha preferida é CIEL3. Ainda que existam riscos regulatórios com o fim da exclusividade em 2010, este é um dos setores mais promissores da economia brasileira. Vide os recordes atingidos durante o Natal com mais de 35 milhões de transações processadas em 2 dias e pico de 692 transações por segundo. É, de fato, uma máquina de fazer dinheiro.

Por fim, gostaria de desejar a todos um 2010 excelente. Após completar um ano com este blog, espero que possa continuar compartilhando algumas de minhas ideias no próximo ano.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Ouro e Prata

A maior transferência de riqueza da historia. É assim que Michael Maloney descreve o momento atual em seu livro "Como investir em metais preciosos", da coleção Pai Rico Pai Pobre.

De forma bastante objetiva dividindo o livro entre Ontem, Hoje e Amanhã ele apresenta seus argumentos de que estaríamos vivendo em um momento único na historia da humanidade em que haverá uma transferência imensa de riqueza para aqueles que possuirem ouro e prata fisicamente.

Usando a história como pano de fundo, mostra que a base monetária em dólar vem se expandindo rapidamente e que logo ele sucumbirá como reserva de valor. Neste ponto devo concordar que há grandes possibilidades do dólar continuar se enfraquecendo frente ao gigantesco défit americano financiado com emissão descabida de dólares para "salvar" os bancos e a economia. De fato, há uma preocupação do que ocorrerá com a economia quando o FED começar a retirar toda esta montanha de liquidez injetada para evitar o colapso economico do império americano.

Os argumentos de Maloney são bem consistentes e indicam que devemos comprar ouro e prata AGORA. Destaca ainda uma preferência por prata, principalmente porque este metal anda relegado ao segundo plano e quando se lembraram dele seu preço explodirá.

Pessoalmente, acredito que os metais preciosos continuarão a se apreciar consideravelmente em decorrência da fraqueza do dólar e da busca das pessoas e dos bancos centrais por ativos que substituam em alguma medida o dólar como reserva de valor. Em toda a historia da humanidade o ouro e prata cumpriram bem este papel. Exemplo disto foi a compra recente do Banco Central da India de 200 toneladas de ouro ao preço de 6,7 bilhões de dólares.

O ouro vem batendo recordes dia após dia, já sendo cotado a mais de USD 1.200 dólares por onça troy. Já estaria sobrevalorizado? De acordo com Maloney não. É possível que alcance patamares acima de USD 6.000 em um curto espaço de tempo. Mas o mais importante não é o preço em si mas o valor que o ouro representa. Quantos bens poderiamos comprar com os metais preciosos. Para ele, se o dólar de fato se enfraquecer ou sucumbir, MUITOS. E a transferencia de riqueza estará concretizada.

Que pese um certo exagero como a "maior transferencia de riqueza da história", os argumentos apresentados por Maloney vem sendo reforçados pela recente escalada do ouro e da prata. Aqueles que acreditam no mesmo que ele deveriam comprar ouro e prata o quanto antes. Confesso que começo a considerar a possibilidade de alocar partes dos meus recursos em metais preciosos.

Se voce quer comprar o livro de Michael Maloney, acesse o submarino clicando AQUI.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Oportunidade: Fundos Imobiliários


Ao escrever este texto estou pensando em 3 tipos de pessoas: 1) aqueles que acreditam que o mercado imobiliario brasileiro crescerá significativamente nos próximos anos e querem participar da festa; 2) aqueles que buscam uma renda mensal acima de 0,8% ao mês provenientes de aluguel; 3) aqueles que querem se manter informados sobre o que está acontecendo no mercado de capitais.

O mercado imobiliário comercial e residencial apresenta boas oportunidades de crescimento para os proximos anos (pelo menos ate as Olimpíadas). Além do déficit habitacional, o crescimento economico estimula a construção civil. Historicamente, todos os países que se desenvolveram impulsionaram a contrução civil.

Tendo esta breve análise como pano de fundo, aqueles que acreditam numa valorização de imoveis nos proximos anos estão entrando (ou já entraram) pesadamente no setor. Comprando imóveis? Não necessariamente.

A forma tradicional é comprar um imovel residencial ou comercial, receber um fluxo positivo com alugueis, esperar sua valorização e vender. Simples? Nem tanto. Comprar um imovel no Brasil requer alto empenho burocrático. Em caso de necessidade de dinheiro, a liquidez é baixa. Não é trivial vender um imovel rapidamente. Taxas e impostos consomem parte dos ganhos. Fora que há a necessidade de um alto desembolso de caixa.

Há um meio mais simples de se fazer o mesmo com a vantagem de isenção de imposto de renda, melhor liquidez e baixo investimento inicial: fundos imobiliarios.

Os Fundos Imobiliários (FIIs) são condomínios cujos recursos são investidos em empreendimentos imobiliários. A rentabilidade desses fundos provém dos aluguéis dos imóveis de propriedade do fundo, que são distribuídos mensalmente aos quotistas.

Exemplo prático e sugestão de investimento no curtíssimo prazo (questão de dias):

O maior shopping horizontal da América Latina está localizado em Campinas. Conheço bem este shopping pois está localizado em minha cidade natal. É um dos exemplos de maior sucesso nos últimos tempos. Atende toda a região metropolitana de Campinas e aos finais de semana está abarrotado de gente. É praticamente uma máquina de dinheiro. Em resposta ao sucesso, vão expandir o shopping (que já é o maior). Como farão isto? Através de um fundo imobiliario.

Vão captar no mercado R$ 100 milhoes distribuidos em 100 mil cotas de R$ 1.000. Em contrapartida, o fundo será dono desta parte expandida do shopping e receberá parte das receitas provenientes do aluguel do espaço. O fundo garante retorno de 0,83% ao mês durante os 36 meses iniciais. A expectativa é que a rentabilidade fique próxima a 1%, sem contar a valorização do imovel.

Mas 0,83% não parece pouco? Depende. Poupança está rendendo 0,5% ao mês. Os juros estão 8,75% ao ano e este fundo garante 10% com uma pequena (ironia on) diferença: tributação. Na renda fixa (CDBs e Titulos Publicos) a tributação de Imposto de Renda consome quase 20% dos rendimentos. Os fundos imobiliariso estão isentos. Estes 0,83% vão diretamente para o seu bolso.

O número de cotas minimas para participar da oferta é de 10, ou seja, R$ 10 mil. Se você quiser sair do negocio acesse seu homebroker ou ligue para seu corretor e vendas as cotas em bolsa ao preço de mercado.

Há outras oportunidades anunciadas recentemente que prevêm rentabilidades até maiores (acima de 0,90%), tais como Anhanguera Educacional, Hospital Nossa Senhora de Lourdes, entre outros. Mas a lógica é a mesma. Com R$ 10 mil já é possivel participar das ofertas públicas.

Os riscos são os mesmos do mercado imobiliario tradicional. Os imóveis podem se desvalorizar, a economia pode não crescer impactando nas receitas de aluguéis, dentre os outros riscos associados aos imóveis.

Particularmente, acredito que é uma excelente oportunidade para participar do mercado imobiliário (sobretudo comercial) de forma simples, segura e rentável.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Seu Bolso: Estacionamento gratuito em SP

E mais uma excelente lei foi aprovada pelo estado de São Paulo. A Assembleia legislativa estadual aprovou ontem, 23/11/2009, a lei 13.819/09, que dispensa o pagamento do estacionamento nos shoppings centers de todo o estado.

A lei é bastante simples. Para fazer jus ao não pagamento, basta apresentar notas fiscais que comprovem compras de pelo menos 10 vezes o valor da referida taxa. Além disto, o tempo máximo de permancência é de 6 horas. Tempo suficiente para ir ao cinema, comer e ainda fazer compras.

Corrijam-me se eu estiver errado meus amigos juristas, mas pelo pouco que sei dos trâmites juridicos, agora só falta o governador Serra sancionar. Vai haver lobby. Afinal, a receita com estacionamento é uma boa fonte de receitas para os shoppings, mas creio que ele deverá aprovar. Vamos questioná-lo no twitter?

(Atualizado em 24.11 - Na verdade a Assembleia derrubou o veto do governador)

(Atualizado em 26.11 - Tribunal de Justiça de SP concedeu liminar suspendendo a lei. Devemos aguardar até o julgamento final)

Lei Nº 13.819, de 23 de novembro de 2009 do São Paulo

(Projeto de lei nº 1286, de 2007, do Deputado Rogério Nogueira - PDT)

Dispõe sobre a cobrança da taxa de estacionamento por "shopping centers".

O PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA:

Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu promulgo, nos termos do artigo 28, § 8º, da Constituição do Estado, a seguinte lei:

Artigo 1º - Ficam dispensados do pagamento das taxas referentes ao uso de estacionamento, cobradas por "shopping centers" instalados no Estado de São Paulo, os clientes que comprovarem despesa correspondente a pelo menos 10 (dez) vezes o valor da referida taxa.

§ 1º - A gratuidade a que se refere o "caput" só será efetivada mediante apresentação de notas fiscais que comprovem a despesa efetuada no estabelecimento.

§ 2º - As notas fiscais deverão, necessariamente, datar do mesmo dia em que o cliente fizer o pleito de gratuidade.

Artigo 2º - A permanência do veículo, por até 20 (vinte) minutos, no estacionamento dos estabelecimentos citados no artigo 1º deverá ser gratuita.

Artigo 3º - O benefício previsto nesta lei só poderá ser percebido pelo cliente que permanecer por, no máximo, 6 (seis) horas no interior do "shopping center".

§ 1º - O tempo de permanência do cliente no interior do estabelecimento deverá ser comprovado por meio da emissão de um documento quando de sua entrada no respectivo estacionamento.

§ 2º - Caso o cliente ultrapasse o tempo previsto para a concessão da gratuidade, passará a vigorar a tabela de preços de estacionamento utilizada normalmente pelo estabelecimento.

Artigo 4º - Ficam os "shopping centers" obrigados a divulgar o conteúdo desta lei por meio da colocação de cartazes em suas dependências.

Artigo 5º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 23 de novembro de 2009.

a) BARROS MUNHOZ - Presidente Publicada na Secretaria da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 23 de novembro de 2009.
a) Marcelo Souza Serpa - Secretário Geral Parlamentar

Publicado em : D.O.L. de 24/11/2009 - pág. 11

domingo, 15 de novembro de 2009

A causa do "apagão" elétrico

Semana passada fiz uma breve reflexão sobre o incidente ocorrido no Brasil. Neste fim de semana li um e-mail que "justifica" o ocorrido. Vejam abaixo e se divirtam.

Sent: terça-feira, 09 de novembro de 2009 15:38
Cc: Homer J. SimpsonSubject: Organizational Annoucement

Dear all,
This morning our employee Homer J. Simpson decided to leave Springfield Nuclear Plant.
Please join me in wishing good luck in his new role as a Controller in Itaipu and CEO in AES Eletropaulo - Brazil, and also wishing him the best in his future endeavors.

Mr. Burns
Mr. Charles Montgomery Burns
Owner
Springfield Nuclear Plant
1001 Avenue of Montgomery
Springfield, NX 10009
Direct: +1 918 879 6750
General: +1 918 879 8000
Fax: +1 918 879 3333
Mobile: +1 918 879 8888
Mr.Burns@springfieldnuclearplant.com
www.springfieldnuclearplant.com

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Economia da Energia


Ainda que o nome me remeta a uma disciplina optativa da graduação a motivação deste texto foi o "apagão" energético da noite passada que deixou a maior cidade do país, décima do mundo (em breve seremos mais ricos do que Paris) às escuras. Não tenho a intenção de discutir os motivos técnicos que culminaram com a falta de energia em diversos estados e que afetou até o vizinho Paraguai. Já ouvi sobre pane em Itaipu, problemas na transmissão, atentado venezuelano e até uma tempestade solar. Passado o fato, para nós, não importa mais o motivo.

Como não havia absolutamente nada a ser feito na escuridão da noite de uma terça-feira, comecei a refletir sobre nossa dependência energética. Vez ou outra quando o preço do petroleo vai às alturas, discute-se como nossa dependência do ouro negro influencia nossas vidas. Que sem ele a vida seria muito dificil ou cara. Verdade. Mas já imaginaram se não houvesse mais energia elétrica? Imaginei ontem.

Sem petróleo, o transporte de pessoas e mercadorias ficaria bastante comprometido. Além de dificuldades na produção de tudo que depende de seus derivados. Mas e sem energia elétrica? A vida seria impossível como a conhecemos.

Os geradores não aguentariam mais que algumas horas e toda uma sociedade baseada na informação e comunicação entraria em colapso. Ontem, depois de algum tempo não recebia mais mensagens e nem conseguia efetuar ligações. Internet? Nem pensar. Desligamos os aparelhos eletrônicos da tomada e pela manhã a geladeira estava quase descongelada. Eu estava em casa no notebook na hora, mas imaginem quem estava na rua e tinha que pegar onibus ou metro. Quem trabalha na Zona Oeste e mora na Zona Leste, com os semaforos desligados ou em pane. CAOS!

Resumindo: não há vida moderna sem energia elétrica. Como não houve investimentos nos primeiros anos de governo Lula, não é a toa que estão incentivando a construção de termelétricas. Querem evitar o apagão geral no Brasil. Espero que o apagão de ontem sirva de lição para o que pode acontecer se o setor elétrico for deixado de lado ao casuísmo político.

Se antes já sugeria o posicionamento, ainda que defensivo, em alguma empresa do setor elétrico (minhas preferidas são CPFL e Tractebel), agora ficou evidente que manter-se posicionado no setor é uma questão estratégica.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Dá-lhe IOF nos estrangeiros

Hoje (19/10), ao chegar em casa após um dia cansativo de treinamento, vejo a noticia de que o governo resolveu taxar a entrada de capital estrangeiro para investimentos em bolsa e renda fixa. A aliquota será de 2% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) logo na entrada do dinheiro.

Se bem entendi, se o investidor trouxer R$ 100 (já covertidos) deixa R$ 2 para o governo. Considerando que as taxas de juros no mundo estão abaixo de 1% ao ano nas principais economias (1% na Europa, 0,5% na Inglaterra e 0,25% nos EUA), esta aliquota é um pesado desincentivo para "especular" com o Brasil. Agora, se o estrangeiro vem com a intenção de médio e longo prazo, estes 2% não são nada. Continuarão vindo ainda que mais lentamente.

Particularmente, não gosto deste tipo de medidas. Ora isenta o capital estrangeiro. Ora o taxa. Começa a vir muito, eleva imposto e assim vai "brincando" com os investidores estrangeiros, que de bobos não têm nada. Uma hora eles se enchem e saem correndo do Brasil. Se levarem USD 20 bilhões como no ano passado, a bolsa vai lá para os 30 mil pontos. Claro que exagerei um pouco na análise, mas em linhas gerais é este problema de imagem, credibilidade e desconfiança que estes tipos de medidas geram. Nunca se sabe o que o governo brasileiro pode fazer. De uma hora para a outra pode mudar tudo.

A justificativa do Mantega foi a seguinte: "Há um excesso de aplicações de estrangeiros e nós não queremos ver uma bolha se formando na bolsa". O mais estranho é que na sexta o Lula afirmou: "Estou há três dias viajando. Vou voltar no final de semana e não tem nenhuma previsão de fazer qualquer taxação em lugar nenhum". Quem acredita ainda neste governo? Ou neste país?

Veremos se no curto prazo o governo terá "exito". Frear a forte apreciação do real e evitar a formação de uma bolha(?). Se depender do after market de hoje com recorde de negociação é provavel que o governo consiga algo no curto prazo. Os próximos pregões dirão. E eu vou estar viajando.

sábado, 17 de outubro de 2009

Santander: aposta e decepção


No dia 07 de outubro as units do banco Santander (SANB11) começaram a ser negociadas na Bovespa. A expectativa era grande para o maior IPO do ano no mundo. As ações foram precificadas a R$ 23,50 dentro do intervalo inicial. Uma ala do mercado, na qual me incluo, estava bastante otimista com a oferta publica ainda que a precificação gerasse multiplos superiores aos principais bancos nacionais (Bradesco e Itau Unibanco). A outra ala considerava o Santander caro demais.

Os que acreditaram numa rápida e forte apreciação motivada pelo potencial do banco e o bom humor internacional se decepcionaram. Os céticos, ou os que achavam que estava caro, regozijaram-se ao ver as ações despencando logo no primeiro dia e comentaram: "Eu já sabia", "Te avisei que estavam caras". Falar do passado é sempre fácil.

Para o investidor dententor das ações a unica boa noticia era que o rateio para o varejo foi alto e apenas 8,16% da reserva foi atendida mais R$ 3.000. Foram poucas ações.

O mercado abriu próximo das 10:30. O papel começou caindo, deu um repique até os R$ 23,60 e reverteu indo ladeira abaixo. Quase na mínima do dia compramos um pouco mais aguardando um repique no dia seguinte.

Aqueles que reservaram para vender no primeiro dia assumiram prejuizos. Não era o nosso caso. Queriamos manter o papel por um tempo em carteira mas diante do pessimo início decidimos aguardar alguns dias para ver como o mercado reagiria.

Para nossa surpresa, enquanto o indice subia forte, a ação despencava. No pior momento bateu nos R$ 22 (pobre dos que venderam). Nos dias seguintes a ação se recuperou um pouco oscilando entre os R$ 22,5 e os R$ 23. Durante 3 dias o papel bateu nos R$ 22,99 e voltou. O mercado continuava subindo.

O desejo de se desfazer do papel crescia. Nossa carteira estava concentrada em Santander e estavamos vendo o mercado subir e nossa ação cair. Diante da dificuldade em acompanhar uma ação sem historico, apresentando quedas enquanto o mercado subia (imagina se houvesse uma realização geral) e uma aparente sobrecompra do índice, decidimos vender os papéis para realocarmos a carteira.

A ordem de venda foi dada na quarta (14/10) com validade até sexta (16/10) ao preço máximo atingido na semana de R$ 22,99 que aparentava ser uma forte resistência.
O que aconteceu no dia seguinte? A ação se valorizou fortemente deixando a resistência para trás e fechando próximo aos R$ 23,40, acima do nosso break even de R$ 23,17. Já era tarde. A ordem tinha sido executada a R$ 22,99.

Na sexta a ação bateu nos R$ 23,70 e voltou para fechar a semana a R$ 23,40. O resultado da operação ficou em 1%, não sendo de todo ruim, mas a rápida resposta do mercado 1 dia após a ordem de venda foi como um tapa na cara. Olhando depois do termino da semana seria fácil dizer para ter esperado até sexta e vendido. Mas e se a bolsa tivesse realizado forte e a ação despencado? O prejuízo seria muito maior.

Abaixo segue o gráfico (bloomberg) da SANB11 até as 14h de sexta (16/10). Façam suas análises e tirem suas conclusões.

Tudo começa como um clube

Reportagem divulgada esta semana na Isto É dinheiro mostra como amigos ou parentes começam a investir em ações através de clubes de investimentos e crescem tanto até se transformarem em fundos de investimento.

Particularmente, acredito que os clubes são boas ferramentas para aqueles que estão começando no mercado (leia outros textos escritos por mim sobre os clubes clicando aqui ou aqui). Exigem um capital pequeno para começar e permitem trocas de experiencias e informações entre os cotistas. Não é tão simples quanto parece registrar um clube formalmente, exige dedicação e muito força de vontade dos fundadores. Mas historias como as apresentadas na reportagem mostram quais são os resultados para aqueles que persistem.

Esta é a mesma ideia que divido com algums amigos no clube de investimento que faço parte. Fundado em junho deste ano, esperamos que em 5 anos possamos aprender bastante sobre o mercado financeiro e criarmos musculatura financeira e intelectual para continuarmos avançando em busca de nossa independencia financeira.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Oferta Pública: Entenda

A oferta pública de ações é o evento em que a companhia oferta ações ao mercado. Na primária, o dinheiro levantado vai para o caixa da empresa que o utilizará para aquisição, expansão, redução de endividamento ou algo do gênero. Já na secundária, acionistas da empresa vendem suas ações ao mercado e embolsam o dinheiro. No caso do Santander, o banco ofertou units (papel formado por ações ordinárias e preferenciais) negociadas com o código SANB11. O montante de R$ 14,1 bilhões arrecadado com a venda de 600.000.000 (seiscentas milhões de units) a R$ 23,50 será utilizado para a expansão do banco no Brasil.

Pelo cronograma da oferta, os pedidos de reserva dos interessados em tornar-se sócio do banco no Brasil começaram no dia 28/09 e terminaram no dia 05/10. No dia 06/10 o preço de R$ 23,5 foi anunciado com base no processo de bookbulding (quanto os investidores estariam dispostos a pagar por X ações). No dia 07/10, inicio das negociações, foi divulgado o número de ações que cada investidor conseguiu.

Vamos a um exemplo prático: um investidor comum reservou R$ 9.000. No dia 07/10, o Santander anunciou que os investidores de varejo foram atendidos integralmente até o valor de R$ 3.000 (o mínimo) e o excedente sofreu um rateio de 8,14%. Ou seja, este investidor comum recebeu R$ 3.000 mais 8,14% dos outros R$ 6.000. Total financeiro de R$ 3488,4. Ao converter em ações, o investidor receber R$ 3488,4 dividido por R$ 23,5, totalizando 148 ações (a divisão seria 148,44, mas as casas decimais são desprezadas, pois não existe 0,44 de uma ação).

Mas por que ocorre este rateio? Por que as reservas não são atendidas integralmente? Simples: demanda. Há um número limitado de ações sendo ofertadas. Quando a demanda supera esta oferta, ocorre o rateio. Foi exatamente isto que ocorreu no caso do Santander.

Falando em Santander, no final, para o investidor comum, o rateio acabou sendo positivo, uma vez que as ações despencaram 3,74% na estreia, fechando a R$ 22,62. O banco decepcionou os que apostaram numa alta imediata como ocorreu com os grandes IPOs (termo em inglês para Initial Public Offering). Venceu a tese de que as ações estavam caras comparadas a Itau e Bradesco. Seria um sinal indireto de que a tendência de alta do IBOVESPA perde força e estaríamos diante de uma realização iminente?

sábado, 3 de outubro de 2009

Brasil: O país do Esporte


Pan, mundial de natação, copa do mundo e agora as OLÍMPIADAS ! Tudo conspirando para que o Brasil alcance seu lugar ao sol. Nem Obama conseguiu ajudar Chicago na disputa. Lula é o cara (sem entrar no mérito politico). Convocou uma tropa de choque: Paulo Coelho, Pelé, Meirelles e muitos outros. Rio é a cidade maravilhosa. Ganhamos ! E cá estamos escrevendo algumas linhas refletindo sobre o que nos aguarda até 2016.

E o que isto tem a ver comigo que não sou mais atleta? Além do turismo, vejo OPORTUNIDADES. Econômicas, financeiras, sociais, etc. Serão bilhões de reais, dólares, euros yens jorrando para o Brasil pelo menos até 2016.

Todos estes eventos geram necessidades de infra-estrutura para qualquer país. Imagine para o Brasil, país carente nesta área. Se ainda havia dúvidas da construção do trem de alta velocidade, eu estou convencido de que ele sairá do papel. Parte ficará pronta até a Copa de 2014 e o restante até as Olimpiadas de 2016. Estradas, aeroportos, metro, estádios e por aí vai. Somado ao boom da construção civil, o Brasil se transformará num gigantesco canteiros de obras, ainda que concentrado na região sudeste, é verdade.

Toda esta necessidade de infra-estrutura refletiu imediatamente na BOVESPA na sexta-feira (02/10/09). Enquanto as bolsas pelo mundo sofriam uma realização de lucros, a bolsa brasileira reverteu após o anuncio do Rio como sede das Olimpiadas e fechou em alta. Depois das 12:30, hora da desclassificação de Chicago e Madrid, investidores iniciaram compras freneticas de ações de empresas diretamente ligadas a tais eventos. Olhem os graficos de GOL (GOLL4), TAM (TAMM4), Gerdau (GGBR4), por exemplo. Quase 5% de alta em alguns minutos. Uma loucura irracional, eu diria. Estamos falando de 5 a 7 anos, ainda que os investimentos comecem bem antes.

O Brasil passa pela crise sem grandes traumas, se compararmos com o restante do mundo. O Mercado Interno continua forte, a Moody's nos levou ao grau de investimento, a economia deverá fechar o ano em ligeira alta. O país é visto pelos investidores estrangeiros como um dos melhores lugares para se investir nos proximos anos. Imaginem agora? O ceu é o limite para a bolsa.

Poderíamos ainda analisar os impactos sociais destes eventos. A motivação de nossas crianças para o esporte. A oportunidade de investirmos no desenvolvimento de equipes de alto desempenho. A alavancagem do turismo ao posto de um dos principais setores de nossa economia, ao bom estilo espanhol. Enfim, milhares de oportunidades que não podemos desperdiçar desta vez. Agora é nossa hora. Não deixemos que a corrupção e os politicos estraguem nossa festa.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Cartão de Crédito: aliado ou inimigo?


Ao lado do cheque especial, o cartão de crédito é visto como um dos principais inimigos dos endividados. Em caso de inadimplencia ou atraso, as taxas são absurdas e os juros são exorbitantes. Estes são os fatos para aqueles que perdem o controle na gestão dos cartoes de crédito e começam a pagar o minimo da fatura. Uma vez iniciado este processo, ele cresce como uma bola de nevel rolando pelo Himalaia.

Por mais estranho que pareça, cartão de crédito não deve ser visto como uma fonte de crédito. Ele deve ser visto como uma ferramenta de planejamento financeiro, um meio de pagamento, que possibilita concentrar parte de nossos pagamentos num único dia.

Sob esta nova perspectiva, o objetivo é melhorar o fluxo de caixa. Em outras palavras, ao invés de diariamente sair dinheiro da sua conta em pequenas quantias, há grandes saidas em datas especificas. Podemos considerar ainda, a praticidade e a segurança de não carregarmos dinheiro o tempo todo conosco.

Por fim, e não menos importante, os programas de fidelidade do cartão podem e DEVEM ser utilizados como forma de reduzir custos de viagens ou mesmo torná-las gratuitas. Praticamente todos os cartões geram pontos que podem ser convertidos em milhas e utilizados na TAM ou GOL/VARIG. Imagine que voce gasta em torno de R$ 1.000 por mês em todos os seus cartões. Com isto você conseguiria ao final de 1 ano aproximadamente 6.000 milhas. Este ano viajei para Uberlandia utilizando 4.000 milhas, ida e volta. Mesmo que você não queria viajar, você pode trocar seus pontos por utensilios domesticos ou assinaturas de revistas. De certa forma, sempre há algum retorno financeiro.

Mas e o custo da anuidade, Bruno ? Há cartões que não cobram ou anualmente voce deve ligar para negociar com a administradora. Elas tem dado desconto ou isentado para não perder o cliente. Afinal, elas ganham dinheiro, de fato, sobre uma porcentagem das vendas. Basta procurar ou tentar negociar. A dica é concentrar ao máximo em uma administradora, por exemplo, BB, Santander, Itau, mesmo que voce tenha mais de 1 bandeira (visa, mastercard, amex, etc).

Agora, se você é uma daquelas pessoas que não consegue se controlar, sempre estoura o limite ou frequentemente paga o minimo, saia correndo dos cartões de crédito.

O Leão na Poupança

E o governo finalmente decidiu: cobrará imposto de renda sobre os redimentos da poupança a partir do ano que vem. Mas calma leitor, a maioria não será afetada.

Nem vamos entrar no mérito de se é correto ou não, se seria a melhor forma e todo este bla bla bla. Nosso querido e amado governo sempre opta pela opção mais fácil, geralmente não a melhor.

A partir de 2010, aqueles que mantiverem quantias superiores a R$ 50 mil terão seus rendimentos taxados em 22,5% direto na fonte. Estima-se que apenas 1% das contas ativas tenham saldos acima destes valores afetando uma pequena parcela dos poupadores.

Mas se você for um deles, tentará buscar alternativas (jeitinho brasileiro) para evitar esta tributação. Tentará abrir contas em diversos bancos e manterá saldo inferior a R$ 50 mil. Abrirá contas em nome da esposa e dos filhos. E por aí vai.

Embora o recolhimento não ocorra na fonte para estes casos, o pagamento do IR será feito na declaração anual pois será necessária declarar todas as contas poupanças bem como seus dependentes. Ou seja, dificilmente você escapará da tributação.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Simulador Tesouro Direto

A BM&FBOVESPA e a Secretaria do Tesouro Nacional lançaram no dia 15 de setembro o simulador do Tesouro Direto. Voltado aos investidores pessoas físicas, a ferramenta informa, de maneira clara e didática, as principais diferenças entre os títulos públicos e mostra qual o papel mais adequado (LTN, NTN-F, NTN-B, NTN-B Principal e LFT) de acordo com o objetivo de investimento indicado pelo usuário. Com o novo simulador, será possível planejar a compra da casa própria, a troca do carro ou mesmo calcular o montante necessário para garantir os estudos e a aposentadoria no futuro.

O novo simulador é de uso livre e gratuito. No primeiro acesso, o usuário terá de preencher um cadastro informando nome, CPF, login e senha. A partir daí, basta definir o objetivo do investimento e seguir as orientações que aparecerão na tela do computador.

Acesse agora o novo simulador do Tesouro Direto!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Analistas e o futuro

Imagine dois grupos de estudantes de pós-graduação. O primeiro grupo é informado que um de seus professores irá para a Europa durante um ano para um período sabático. A esse primeiro grupo de estudantes é pedido para que escrevam o que imaginam que o professor fará durante o ano que está por vir. Um segundo grupo de estudantes recebe a informação de que o mesmo professor já fez um ano sabático na Europa e a esses alunos pede-se para que descrevam o que imaginam que o professor fez durante aquele período.

À primeira vista, não esperamos que haja uma diferença grande entre os relatos dos grupos, por se tratar de grupos representativos e realizando praticamente a mesma tarefa. No entanto, as diferenças verificadas nos relatos dos dois grupos foram relevantes. Os relatos de um passado imaginário foram muito mais detalhados e ricos quando comparados às tentativas de descrever o futuro. Estas últimas, sempre vagas e genéricas. Tal estudo, conduzido pela psicóloga canadense Janet Bavelas, e outros experimentos demonstram que temos mais facilidade de imaginar o que alguém fez em oposição ao que alguém fará. Ou seja, há uma nítida assimetria entre nossa habilidade de explicar o passado e nossa capacidade de prever o futuro.

Uma vez que um evento tenha ocorrido, mesmo que seja algo extremamente raro, nós humanos temos facilidade de encontrar uma explicação plausível. Atentados terroristas como o de 11 de setembro de 2001 e grandes catástrofes aéreas são exemplos típicos, cujas sequências de eventos tornam-se bem conhecidas ao logo do tempo a ponto de serem facilmente assimiladas e até mesmo consideradas como previsíveis a posteriori. No entanto, mesmo na véspera, ninguém é capaz de prevê-los ou de evitá-los.

A teoria financeira comportamental denomina essa facilidade de explicar o passado de "viés retrospectivo" (do inglês, hindsight bias). A mídia financeira está repleta de especialistas sempre disponíveis para explicar os movimentos dos mercados no ano, mês ou na semana passada. Peça então para preverem o futuro e a explicação torna-se vaga e genérica, tal como no estudo acima. Qualquer pessoa consegue encaixar o passado em uma sequência de eventos perfeitamente racionais e intuitivos. Agora, prever o futuro é outra história.

Quão preciso é o mercado brasileiro na tentativa de prever o caminho que as principais variáveis econômicas e financeiras vão percorrer no futuro? Semanalmente, o Banco Central publica tais projeções no boletim Focus. Será que este conjunto de analistas consegue antecipar com alguma precisão e antecedência de 12 meses o PIB, a inflação, juros nominais e reais e o câmbio? Uma rápida olhada na diferença entre as previsões feitas 12 meses atrás e os valores efetivamente observados para essas variáveis revelam erros significativos, entre 40% e 12%. Além disso, para duas dessas variáveis, juros nominais e reais, a média das expectativas dos especialistas foi incapaz sequer de prever a direção em que elas iriam se deslocar. Há um ano, previam aumento dessas variáveis, quando na verdade vimos recuo significativo de ambas. A mesma tendência foi observada para os "Top 5", em princípio os mais precisos em suas previsões, ainda que com um desvio menor.

Muitos dirão que nesse período o mundo foi assolado pela crise financeira e que isso torna as previsões menos precisas. No entanto, para outros períodos no qual predominou maior normalidade (como entre 2003 e 2007), ou seja, sem uma crise tão grave, a margem de erro das previsões também revelou-se grande. No frigir dos ovos, o que mexe com o mercado é exatamente o inesperado! Tudo que é previsível e aguardado não altera as cotações. Já está em grande medida embutido nas expectativas das variáveis econômicas e nos preços dos ativos. A oportunidade de ganhos está em antecipar o que os demais ainda não veem, em fazer isso mais rápido e de maneira mais eficiente que os demais e em traduzir isso em posicionamentos nos ativos certos, na "ponta" certa (comprado ou vendido) antes que os demais o façam. Nesse aspecto, o boletim Focus do Banco Central atua mais como uma fotografia do sentimento reinante na economia em determinado momento do que como uma fonte confiável de previsões desses indicadores ou mesmo da tendência que deverão assumir no futuro.

Durante o planejamento de voo da missão Apollo 11 para a lua, a NASA definiu como margem aceitável de erro nas primeiras estimativas e cálculos em 1961 o nível de 1%, que foi então reduzido para 0,5%, 0,2% e, finalmente 0,05% em 1969, ano do famoso primeiro vôo à lua. Se a NASA precisasse contar com a precisão das previsões do boletim Focus, o voo da Apollo 11 provavelmente não teria alcançado a altura de um balão de festa junina...

Aquiles Mosca, estrategista de investimentos pessoais e superintendente executivo comercial do Santander Asset Management. É autor dos livros "Investimento sob medida" e "Finanças Comportamentais".

E-mail: aquiles.mosca@bancoreal.com.br

Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Futex

Boas ideias devem ser divulgadas. Quer aprender como funciona o mercado de ações? Una sua paixão por futebol, torcida e lazer. www.futex.com.br

"O mercado de capitais é um conceito relativamente novo para o brasileiro. Nas manchetes de revistas e jornais, podemos ver grandes investidores multiplicando seu patrimônio através deste mundo aparentemente complicado. Porém, o seu funcionamento é muito mais simples do que se imagina.

O propósito do Futex – Futebol Exchange é desmistificar este conceito. E para isso, adaptou o funcionamento de uma bolsa de valores com o lazer preferido do brasileiro: o Futebol.

O Futex é o 1º simulador de bolsa de valores do Brasil onde é possível negociar ações de Times de Futebol. É uma forma de entretenimento 100% virtual. Nele o usuário pode comprar e vender ações de seus times favoritos,acumulando pontos com suas vitórias na vida real. O seu desempenho será refletido pelos rankings e pelos incríveis prêmios queirá receber do site."

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Aposta "Irracional" no Real

Esta semana li uma interessante reportagem no Valor a sobre a valorização do real. Como o tempo está curtissimo, alguns textos conseguem sintetizar bem determinados pontos de vista pessoais.

"Diante do fim da recessão e o início de uma recuperação da economia brasileira, há dois tipos de reação dos investidores. Uma é boa. A outra, preocupante. A primeira refere-se ao otimismo dos estrangeiros que mantiveram e estão aumentando os investimentos diretos (IED) no Brasil, numa avaliação mais consistente e de mais longo prazo que é bem-vinda. A segunda trata da euforia que se reflete nos mercados financeiros e que se expressa nos preços dos ativos. Esta preocupa o governo e explica a declaração do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, anteontem, no Senado, quando aconselhou os investidores a botarem os "pés no chão" e evitarem "o exagero e a euforia na precificação de ativos".

O governo está realmente preocupado com o que entende ser uma "aposta irracional no real": uma taxa de câmbio de R$ 1,60 a R$ 1,70 ao fim deste ano, num processo acentuado de valorização. "Isso vai e volta", assinalam as fontes oficiais, chamando a atenção para os danos da volatilidade e para o potencial de prejuízos que isso pode acarretar. Dentro do governo há a avaliação de que a apreciação recente do real tem um componente de especulação.

Quando a taxa de câmbio, no passado, chegou a bater em R$ 1,56, o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos começou a crescer, assumindo uma trajetória que o Banco Central considerou insustentável, na época, e o dólar se valorizou novamente, lembram essas fontes. "O mercado está apostando nisso de novo?", indagou, apreensivo, um influente economista do governo.

Acredita-se, na área econômica, que o excesso de otimismo no mercado de ações, no de câmbio, e um pouco também nos preços de commodities, agora, também é insustentável. Se essa avaliação estiver correta, haverá uma reversão e esta poderá produzir turbulências desnecessárias decorrentes de prejuízos dos investidores que fizeram apostas erradas, unilaterais. Está ainda fresco na memória dos economistas do governo o drama dos derivativos cambiais que, no ano passado, levou várias empresas no país a prejuízos bilionários e a uma situação delicadíssima. Seria muito ruim ocorrer algo semelhante justamente na hora em que se inicia a recuperação econômica, apontam esses analistas.

Nesta semana Meirelles declarou que chegou ao fim a recessão técnica no país. Indicadores antecedentes levam o governo a prever que, no segundo trimestre deste ano, a economia cresceu entre 1% e 2% sobre o primeiro trimestre, em linha com as projeções do mercado. Ao fim deste ano, o crescimento pode ficar próximo de zero a ligeiramente positivo e, em 2010, o país cresceria algo como 4%. Tais perspectivas não são suficientes, avaliam essas fontes, para sancionar a euforia dos mercados.

O governo, em geral, e a autoridade monetária, em particular, têm pouco a fazer em momentos de "exuberância irracional". Ele pode alertar, como fez o então presidente do Federal Reserve (Fed), Alan Greenspan, há 13 anos, pouco antes da crise asiática, e fez anteontem o presidente do BC brasileiro. Pode e deve conduzir uma política monetária responsável. Embora já haja quem enxergue nas políticas de juros muito baixos e mesmo negativos do mundo desenvolvido um incentivo à formação de bolhas, esse não é o caso do Brasil. Aqui, os juros caíram 5 pontos percentuais de janeiro até agora, mas a taxa Selic de 8,75% ao ano ainda é bastante razoável, em termos reais.

É muito difícil delimitar onde terminam as expectativas otimistas, porque o país está com bons fundamentos e a recuperação será mais rápida e mais intensa do que nos países desenvolvidos, e onde começa a euforia movida por exageros. "Crescer zero ou 1% este ano e 4% no ano que vem não justifica tanto otimismo, não justifica perder a cabeça", comentou uma fonte qualificada do governo.

Ou seja, não é simples identificar onde está se formando uma bolha. Vários economistas, ao analisar a crise das hipotecas americanas (os subprimes), que se transformou numa crise econômica global, disseram que quando há, de fato, uma formação de bolha, todo mundo acaba sabendo.

O Banco Central, até onde a vista alcança, já enxerga exageros nas apostas do mercado, sobretudo em relação ao real, mas também nos demais ativos. O problema não se limita a eventuais prejuízos que uma reversão nesses mercados pode trazer a uma ou outra empresa. A fonte de preocupação é com os efeitos que perturbações dessa natureza podem gerar na economia real, principalmente numa hora em que há sinais de recuperação, mas estes ainda são frágeis. "

Claudia Safatle é diretora de redação adjunta e escreve às sextas-feiras

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Madofi ganhou na mega sena

Abaixo segue uma interessante historia de vida e a importancia do conhecimento financeiro. Parabens ao Waldir pelo excelente texto.

Marco Donostio Filho teve uma infância e juventude bem aventurada, seu pai, migrante italiano, foi um cafeicultor que até os anos 90 viveu um bom período de prosperidade. Esta prosperidade propiciou à família um padrão de vida de classe alta, todos os filhos de Marco Donostio estudaram em boas escolas, mas infelizmente no ano de 1989, uma geada acabou com os cafezais. Marco foi obrigado a pegar empréstimos em bancos e acabou por se afundar em dívidas que o levaram a vender a fazenda de café e ficar com um pequeno pedaço de terra para dar sustento a seus quatro filhos e esposa, interrompendo assim, o prosseguimento dos estudos de seus filhos. Marco Donostio Filho, o mais velho da prole, à época estava se preparando para ingressar na Universidade de Agronomia. Teve que abandonar o cursinho preparatório por falta de recurso, passando a ajudar seu pai na lavoura e no sustento da família.

Foram tempos difíceis.

Os anos se passaram, Marco Donostio Filho se casou, constituiu uma família com três filhos, dois homens e uma mulher e depois que seu pai faleceu e seus irmãos seguiram outros caminhos, foi trabalhar e ser caseiro de um haras, levando sua família e sua mãe. Seu patrão se chamava Marco também, Donostio era um nome muito difícil de ser pronunciado pelos peões e Filho não soava bem, foi então que a peãozada criou o apelido pelo qual era conhecido até mesmo pelos patrões, Madofi. Quando surgiu o escândalo do Madoff americano, foi motivo de muitas piadas e gozações de alguns amigos de seu patrão que frequentavam o haras.

A vida melhorou um pouco, seu patrão era um bem sucedido participante do mercado financeiro e isso lhe propiciou nos finais de semana e feriados, ouvir conversas de frequentadores do haras sobre mercados e investimentos.

"Investimentos mágicos não duram para sempre, O Madoff norte-americano que o diga!"Interessou-se tanto pelo assunto que pediu permissão ao patrão para usar o computador e a internet nos dias de semana para estudar e realizar algumas pesquisas.

Madofi costumava fazer sua fezinha na mega sena, jogava sempre os mesmos números, a idade de seus filhos, 15, 13 e 6, a idade de sua esposa 37, sua idade 43 e, como não tinha o número da idade de sua mãe, 80, jogava o ano de nascimento, 28. Jogava sempre esses números e mais duas combinações na surpresinha.

Numa tarde chuvosa de uma segunda-feira estava arrumando uns papéis e contas para pagar, resolveu conferir sua aposta. Quando viu os números, 9, 13, 16, 26, 42 e 46, pensou que mais uma vez não tinha feito nem um terno, mas quando conferiu toda aposta viu que acabara de ganhar R$ 25 milhões e alguns trocados. Naquele concurso da mega teve apenas um ganhador e foi Madofi.

A partir deste dia Madofi passou a ter um grande problema a resolver: Como ajudar seus irmãos, sua família, tios e tias e construir um conforto financeiro para o futuro de seus filhos?
Se não tomasse cuidado, gastaria tudo rapidamente, investiria em negócios mal sucedidos e voltaria onde estava há até poucos dias atrás.

Pensou no insucesso como agricultor de seu pai, nas conversas que costuma ouvir dos visitantes do mercado financeiro no haras, e então, decidiu por conta própria aprender sobre investimentos usando a internet.

Deixou quase todo o dinheiro do prêmio aplicado na CEF, pediu sigilo total e foi estudar a melhor forma de investir. Apesar de só ter completado o segundo grau nos estudos adquiriu uma experiência de vida que não lhe permitiria cometer os erros que muitos investidores cometeram nos últimos tempos e Madofi acompanhou pela internet e nas conversas dos amigos de seu patrão.

Seis meses depois, aprendeu muita coisa sobre investimentos, ficou fascinado por juros compostos e seduzido por aplicações em bolsa de valores.

Chegou então a hora de aplicar os conhecimentos, e o dia não poderia ser mais propício: 22 de julho de 2009, data da divulgação da taxa de juros pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central, o chamado Copom.

Por tudo que Madofi aprendeu com a vida, com a quebra de seu pai, tudo que leu, ouviu e estudou e a observação dos últimos acontecimentos econômicos, sabia que essa reunião do Copom era importante, mas não fundamental para definir seus investimentos.

Comprar CDBs de bancos não iria. Outro dia esteve em um banco assuntando investimentos e o gerente recomendou que comprasse CDB, que agora tem uma garantia do governo federal ou então aplicasse em alguns fundos de investimentos.

Madofi pensou: oras, se a garantia do CDB é dada pelo governo federal a aplicação em títulos do governo é muito mais garantida. Se meu ex-patrão e seus amigos ganham comissão para administrar o dinheiro dos outros é porque quem aplica com eles não estudou o tanto que estudei para aprender, deixam para os outros aplicarem seus recursos por falta de conhecimentos - Tou fora! - frase que costumava ouvir a beira da piscina do haras quando um "figurão" daqueles dava uma recusa.

Depois de acompanhar o debate, que estranhamente saiu da mídia, sobre a rentabilidade da poupança e a dos demais investimentos com a queda na taxa básica de juros, Madofi já estava decidido.

Iria aplicar R$ 5 milhões em ações, 60% em Petrobras e 40% em Vale do Rio Doce, não quer muito risco por não precisar correr desesperadamente atrás de uma fortuna que ele já possui, mas também quer investir em bolsa em longo prazo, para acompanhar de vez em quando e por acreditar nessas duas empresas de futuro promissor. Dos R$ 15 milhões restantes, R$ 4 milhões usaria de imediato para ajudar seus familiares e comprar uma pequena propriedade para realizar seu sonho de ter um cultivo de pimentas para comercializar.

Os R$ 11 milhões vão para os investimentos mais seguros e rentáveis que avaliou: R$ 3 milhões em LTNs, com vencimento em 01/07/2011 a taxa de 10,50% ao ano; R$ 8 milhões em NTN-B com vencimento em 15/08/2024 a taxa de IPCA, mais 6,40% ao ano.

Se educando financeiramente Madofi descobriu muita coisa.

Descobriu que não existem investimentos com retornos mágicos.

Que rendimentos passados não são parâmetros para avaliação de rendimentos futuros. E o mais importante, que o deixou muito surpreso, foi o fato de se discutirem tanto sobre tributação, taxação da poupança, taxa de administração de recursos e outros assuntos relacionados ao novo patamar do juro básico e uma aplicação como em NTN-B ainda render inflação mais 6,40% ao ano por um prazo tão longo e com garantia federal.

Se por um infortúnio ele perder os R$ 9 milhões que investiu em bolsa e na propriedade, for obrigado a gastar os cerca de R$ 3,5 milhões aplicados em LTNs, em 2024 ele terá seus R$ 20 milhões, mais a inflação do período corrigida, no resgate da NTN-B em 2024.

Madofi ficou feliz com seus investimentos, no entanto, ao se tornar uma pessoa mais lúcida em relação à realidade financeira brasileira, ficou um tanto aborrecido e questionou:

Como pode um país remunerar uma aplicação financeira a uma taxa tão alta, por tão longo tempo como as aplicações em NTN-Bs?

Como pode o setor bancário cobrar um juro tão alto na taxa de empréstimos?

Com uma taxa de juros deste tamanho por um período tão longo só investe na produção quem quer correr muitos riscos. E com uma taxa de empréstimos desta magnitude mais dia menos dia, numa crise dessas qualquer, os emprestadores não vão receber de ninguém, pois quem toma empréstimo a mais de 100% ao ano é porque tem grande chance de quebrar.

Investimentos mágicos não duram para sempre, mais hora menos hora, vão todos pro vinagre, O Madoff norte-americano que o diga!

Há 35 anos no mercado financeiro, Waldir Kiel Junior é economista e escreve mensalmente na InfoMoney, às quartas-feiras.
waldir.kiel@infomoney.com.br

sábado, 11 de julho de 2009

Livro: O lobo de Wall Street

Já faz um dois meses que terminei de ler este livro e li alguns outros na sequencia. Não vou conseguir escrever uma sintese completa deles, então vou resumir a sintese para manter a leitura atualizada (rs).

O Lobo de Wall Street de Jordan Belfort é uma auto-biografia, escrita por um famoso trader do mercado financeiro americano. Na verdade ele está mais para corretor ou dono de uma corretora. Fez fortuna lançando ações em bolsa, manipulando seus preços, burlando a legislação. Ganhava fortunas durante o dia e torrava dinheiro durante a noite, com mulheres, bebidas e drogas. Acabou numa clinica para dependentes e depois de sair foi preso. Relato interessante de quem chegou no auge e caiu. Desnuda o lado sombrio do mercado financeiro americano, ou pelo menos parte dele.

Transformando Suor em Ouro do Bernardinho é leitura obrigatoria para quem gosta de seu estilo de liderança. Embora duro, é um grande lider, motivando e protegendo seu time. Buscar extrair o melhor de cada um através de muito trabalhado e suor. A recompensa? Vitorias e mais vitorias.

O Menino do Dinheiro de Reinaldo Domingos é um livro de educação financeira voltado para crianças. De forma simples consegue abordar temas como orçamento, poupança, sonhos, numa linguagem acessivel para o publico infantil. Se seu filho gosta de ler, compre este livro para ele.

Numerati de Stephen Baker aborda a nova era da informação. Em que modelos cada vez mais complexos tentam representar o comportamento humano. Se antes era necessario que alguem te perguntasse quais eram seus desejos, o que gostaria de comprar, para onde gostaria de viajar e tantas outras coisas para personalizar a venda, vivenciamos cada vez mais a realidade de que as empresas podem descobrir estas coisas analisando suas compras atraves do cartao de credito, debito, bem como sua navegação na internet. Quais foram suas ultimas pesquisas? Quais sites entrou? Sobre o que leu? Por onde navegou atraves dos cliques nas propagandas. Enfim, aqueles capazes de trabalhar com os numeros (fisicos, estatisticos, matematicos, economistas) dominarão as diversas áreas do saber.

Por ultimo, em Mar sem fim, Amyr Klink conta a historia de sua navegação em torno do circulo polar antartico. Não é um livro fantastico mas dá satisfação em ver alguem realizando seu sonho, sozinho por dezenas de dias no mar. Suas reflexoes solitarias, feitas em temperaturas extremamente baixas, são excelentes. Neste livro há uma de minhas citações preferidas:

"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece, para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver".

Il faut aller voir.

Poupança ! Ficar ou mudar?


Nas ultimas semanas, graças ao portal
Finanças Pessoais, tenho recebido muitas perguntas sobre a melhor aplicação para quem tem quantias pequenas e grandes aplicadas na poupança. Ficar ou mudar?

Deixando os calculos financeiros e as explicações conceituais de lado, vamos ao que interessa:

Até R$ 3 mil? Poupança. Embora possa conseguir rentabilidade um pouco maior em CDBs ou mesmo fundos, o tempo investido buscando não compensa.

Tem até R$ 5 mil e não quer dor de cabeça e segurança? Invista em Poupança. Rentabilidade garantida, sem imposto de renda e simples para aplicar.

Tem acima de R$ 3 mil e quer buscar rentabilidade maior? Ligue para o seu gerente e pergunte:

1) Tem algum fundo de renda fixa com taxa de administração menor ou igual a 1%?
2) O CDB pós fixado com prazo superior a 30 dias paga quando?

Se a resposta para a pergunta 1 for Sim ou para pergunta 2 for um valor acima de 90% do CDI, vale a pena mudar.

Para valores acima de R$ 5 mil, busquem rentabilidades maiores, principalmente se pretendem ficar com o dinheiro investido por mais de 1 ano. Com os juros cada vez mais baixos, 1% de diferenca ao ano ao longo de vários anos resulta numa perda de rentabilidade consideravel. Por tanto, busque migrar para CDBs, Fundos ou Titulos Publicos (Tesouro Direto).

Se precisarem de alguma ajuda, continuem encaminhando as duvidas e comentarios para mim (bruno.massera@gmail.com).

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Samba do Derivativo

No final da semana passada, li uma reportagem muito interessante no Valor sobre um samba criado em inspiração a crise dos derivativos no Brasil. A letra é do diretor de commodities da BM&F e é interpretada pelo Irineu de Palmira.

http://www.irineudepalmira.com/letra_SambadoDerivativo.htm

Minha nega me falou
Meu ativo está em crise
O emprego foi embora
Nosso mundo ia tão bem
Desde lá de ‘29
Estou quebrado e sem sorte.

Minha nega me falou
Estou sem crédito na praça
Veja só que confusão – não, não, não
Me ferraram sem aviso
O patrão inda me disse
“Estou correndo muito risco”.

“Você diz que é no balcão
Onde mora o perigo
Eu sei – Ontem era a pinga
Hoje o derivativo”.

Minha nega me falou
Meu inativo parece gato
Dormindo em cima do saco
“Eu aqui linda na cama
E você só deita e ronca”.

Minha nega me falou
Que a minha ação desabou
Veja só que aflição
Tanta margem pro meu risco
Do pecado inda me livro
E desse tal derivativo.

“Você diz que é no balcão
Onde mora o perigo
Eu sei – Ontem era a pinga
Hoje o derivativo”.

domingo, 5 de julho de 2009

(Micro) Empreendedor Individual

O empreendedor individual passou a entrar em vigor no dia 1 de Julho. Uma excelente iniciativa do governo federal de tentar formalizar o imenso contingente de empreendedores que vivem na informalidade.

Quem são eles? São todos aqueles que trabalham por conta propria, sem vinculo empregaticio e que receberam no máximo R$ 36 mil durante um ano (R$3 mil por mês). O ambulante, camelô, lavanderia, salão de beleza, artesão, costureira, lava-jato, reparação, manutenção, instalação, autoescolas, chaveiros, organização de festas, encanadores, borracheiros, digitação, usinagem, solda, transporte municipal de passageiros, agências de viagem, além de muitos outros, são todos (micro) empreendedores individuais.

Hoje eles não tem proteção da seguridade social, não tem direito a previdencia, não conseguem creditos juntos ao bancos. Operam na "escuridão". O que o governo quer é trazê-los para a luz. Iniciativa louvavel e que espero que dê certo.

Os custos para a formalização são muito baixos. Para a previdencia será 11% do salario minimo, hoje R$ 51,15. Para o governo federal ZERO, municipio R$ 5,00 (serviço) e estado R$ 1,00 (comércio). Ou seja, ou o empreendedor pagará R$ 52,15 ou R$ 56,15.

Mas quais são os beneficios? Os empreendedores terão cobertura previdenciaria (aposentadoria, pensao, auxilio-doença, etc), poderão contratar um funcionario com custo baixo, isenção de taxa para registro, ausencia de burocracia (ou pele menos burocracia reduzida), acesso a serviços bancarios (crédito) e outros.

Como devo proceder? Tudo se inicia pelo cadastro na internet, na página do portal empreendedor (http://www.portaldoempreendedor.gov.br/). Lá, inclusive, existem diversas informações sobre o projeto.

A regularização não esta disponivel para todo o país ainda e será realizada paulatinamente. Mas sugiro que os empreendedores já procurem os SEBRAEs de suas cidades para se informarem.
Ainda que louvavel, a meta de 1 milhão de empreendedores não será atingida se não houver ampla divulgação e apoio das entidades municipais e estaduais. A informação deve estar ao alcance de todos. Estou fazendo minha parte. Divulgando para os empreendedores individuais que conheço. Alguns, inclusive, dentro de minha familia.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Investindo em ações com pouco dinheiro


Conforme prometido, vou comentar brevemente sobre uma das alternativas de se investir no mercado de ações com pouco dinheiro e que gera um aprendizado valioso. Como? Através dos clubes de investimento.

Muitos amigos e parentes tinham vontade de entender melhor o funcionamento do mercado financeiro e investir em ações mas tinham receios de comprar ações diretamente ou mesmo investir em fundos de ações.

Com isto, eu e mais alguns amigos criamos um clube de investimento. Após a burocracia tipica brasileira (mas neste caso justificada diante dos inumeros de casos de fraudes que vemos no mercado), nosso clube encontra-se registrado na BOVESPA BM&F e na Receita Federal.

Selecionamos uma corretora (propaganda gratuita para a corretora Spinelli) que possibilitasse a constituição de um clube com baixo capital inicial. Embora não exista limitação legal, muitas corretoras acabam limitando o registro do clube a um capital minimo superior a R$ 100 mil reais. O nosso é uma pequena fração disto.

Por isto selecionamos a Spinelli e tambem por isto conseguimos que nossos amigos e parentes participem fazendo um aporte inicial de apenas R$ 300. Trezentos reais parece pouco né? Mas a ideia é justamente isto. Tornar acessivel para que as pessoas que conhecemos participem e possam, alem de ter a possibilidade de uma rentabilidade maior que a poupança ou os fundos atrelados ao CDI, aprender sobre o mercado acionario participando ativamente da gestão de um clube (praticamente o mesmo que um fundo).

Com a constituição formal do clube iniciamos a divulgação para os nossos conhecidos. Se quiser receber via email, basta solicitar. Pode ajudar na divulgação do seu.

É facil criar um clube de investimento? Não é dificil, desde que tenha uma correta assessoria por parte da corretora e tenha um grupo interessado de participantes. O tempo para a formalização do nosso foi de quase 4 meses, com mais uns 2 para inicio da operação até que todos os aportes iniciais fossem realizados.

Cada participante tem que enviar um cadastro e copias de documentos, o que acaba tornando o processo mais lento e acaba desmotivando parte dos que se mostraram interessados. Mas não desista. Um grupo pequeno pode se tornar grande em poucos meses. Imagina seu clube começando com R$ 5 ou R$ 10 mil e chegando a um patrimonio de R$ 1 milhão em 5 anos? Esta é a nossa meta.

Devido aos inumeros e-mails que tenho recebido pedindo orientação de onde aplicar o dinheiro guardado na poupança com a recente queda dos juros, vou apresentar no proximo post algumas opções, analisando alguns casos enviados pelos leitores.

Maiores detalhes sobre clubes, leia este outro post enviado algum tempo atrás.

sábado, 27 de junho de 2009

Nerd e Obama

Voltando aos assuntos descontraidos do fim de semana, recebi dois videos bastante divertidos.

O primeiro é uma musica criada para os NERDs e divulgada num dos quadros do Faustão, se não me engano. Durante a semana alguns amigos comentaram sobre ele mas só hoje recebi via email.



O outro é um video muito bom produzido pela empresa JibJab com o Obama.

He's Barack Obama. He's come to save the day.




Semana que vem vou comentar novamente sobre clube de investimento e como investir em ações com pouco dinheiro.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Surpreendentes 9,25%!

Às 20h de quarta-feira, 10 de junho de 2009, o Banco Central do Brasil anunciou o corte de 1% na taxa básica de juros brasileira, SELIC. Dos 10,25% a.a passamos a conviver com um juros nominal de 9,25% e juros real (descontada a inflação) próximos ou abaixo dos 5%.

Ainda que tenhamos um dos maiores juros do mundo, a queda abaixo da casa dos 10% é emblemático e demonstra a força dos fundamentos economicos brasileiros construidos lentamente ao longo dos últimos anos.

Particularmente esperava um corte de 0,75 em linha com o consenso de mercado. Na quarta-feira a LTN com vencimento em janeiro de 2010 pagava 9,35% ao ano. Os que compraram se deram bem, pois a partir de amanha os juros pré-fixados cairão consideravelmente.

Impacto imediato para a economia? Incentivo a investimentos produtivos, força para o consumo via crédito, custos menores para as empresas, etc.

Para os investidores? Os que estavam pré-fixados se deram bem, aos pós fixados verão seus investimentos rendendo menos. É provavel que haja uma pressão nos fundos para a redução das taxas de administração, uma vez que a rentabilidade de aproxima cada vez mais rapido da poupança. Acrediton que a grande vitoriosa será a bolsa, ao menos no curtissimo prazo. PIB menos pior e juros cada vez mais baixos incentivam uma migração de recursos para a bolsa.

Do ponto de vista daqueles que aplicam em titulos atrelados ao CDI, o BC em nota divulgada a imprensa deu a entender que o ritmo de cortes será reduzido (os últimos dois cortes foram de 1%).

Brasília - Tendo em vista as perspectivas para a inflação em relação à trajetória de metas, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 9,25% a.a., sem viés, por seis votos a favor e dois votos pela redução da taxa Selic em 0,75 p.p. Levando em conta que mudanças da taxa básica de juros têm efeitos sobre a atividade econômica e sobre a dinâmica inflacionária que se acumulam ao longo do tempo, o Comitê concorda que qualquer flexibilização monetária adicional deverá ser implementada de maneira mais parcimoniosa. O Copom acompanhará atentamente a evolução do cenário prospectivo para a inflação até a sua próxima reunião, para então definir os próximos passos da estratégia de política monetária.

Lá se foi a casa dos 10%. Os que estimaram SELIC na casa dos 8% estão cada vez mais próximos de ver isto como a realidade. Bom para o Brasil, bom para todos nós.

sábado, 6 de junho de 2009

Alcool a R$ 0,899

Vim visitar meus pais em Campinas e me deparei com a seguinte situação: preços do alcool a R$ 0,899 centavos é comum aqui na cidade. Adulterada? Não. Esta é a média. Parece aquele preço combinado sabe?

Se procurar um pouco mais pode achar por menos de R$ 0,80. Vi alguns postos cobrando R$ 0,77. Pelo que tenho visto em São Paulo um preço razoavel seria R$ 1,09. Abaixo de R$ 1,00 já é suspeito.

Não me lembro de conseguir comprar nada para beber com menos de R$ 0,90 centavos. Agua, cerveja, coca, suco, etc. Ainda mais um litro.

Provavelmente veremos um impacto positivo na inflação (menos inflação) nos próximos dias. Ao menos em Campinas a situação ficou melhor para que anda de carro. Perguntei para o meu pai se ele lembrava de alguma vez o alcool estar tão barato. Ele disse que NÃO. Não procurei pela serie historia do alcool, mas imagino que se buscarmos o preço no inicio do plano real e ajustarmos pela inflação, se encontrará acima do preço atual. Excesso de oferta momentaneo ou novo padrão de preços? Creio que a primeira opção.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Onde investir R$ 100.000?

"Com 100.000,00 Reais para investir diante do atual cenário econômico brasileiro, qual a melhor opção?"

Esta foi a pergunta de um leitor do blog. Primeiro gostaria de agradecer por acompanhar os artigos publicados e em segundo pela oportunidade de expor minha opinião.

Resposta à pergunta: DEPENDE. De que? Essencialmente de três coisas: objetivo, prazo e tolerância a risco. Poderíamos trabalhar com estas três variáveis centenas de opções de portfólio, mas vou tentar resumir em duas estratégias: uma mais arriscada e outra mais conservadora. Se o leitor ou alguém quiser algo mais especifico, basta me procurar à exemplo de outros que me procuram agtravés do email (bruno.massera@gmail.com).

Os juros brasileiros estão caindo (hoje em 10,25 com expectativa de cortes já a partir da próxima reunião do COPOM na semana que vem). Como não sabemos até onde vão estes cortes, qual é o novo patamar dos juros, etc, é razoável mantermos ainda posição pós-fixada (atrelada ao CDI). Por questões de liquidez, sugiro 15% em CDBs pós-fixados de bancos de primeira linha. Outros 15% em algum fundo de investimento com uma carteira exposta a títulos de divida privada (debêntures, nossas promissórias, etc) que conseguem pagar acima de 100% do CDI.

Com um pensamento um pouco mais de longo prazo, separaria 15% da carteira para títulos públicos atrelados à inflação. As chamadas NTN-B(Notas do Tesouro Nacional série B) que pagam um cupom (por exemplo 6%) mais toda a inflação medida pelo IPCA. Assim você garante uma rentabilidade real de 6% ao ano. Apenas para esclarecer, se a poupança rende 6% mas a inflação é de 4%, seu rendimento real é 2% (6% – 4%). Com este titulo você garante todo o valor do Cupom.

Para completar a parte mais conservadora, investiria outros 15% em títulos ou fundos de renda fixa com taxas pré-fixadas. Assim se os juros cairem muito e se mantiverem baixos, os rendimentos serão maiores. Lembrando que com R$ 15 mil você não deve aceitar pagar mais que 0,8% de taxa de administração nos fundos.

Por fim, investiria 10% em algum fundo multimercado não alavancado e os outros 30% em ações. Ou de forma direta ou através de fundos de ações sempre buscando as de grandes empresas (Perdigão, Itau, Vale, etc)

Para os menos conservadores, investiria 40% em renda fixa, distribuídos entre títulos pós-fixados e pré-fixados. Os outros 60% alocaria em fundos mais agressivos ou ações. Por exemplo, poderia colocar uns 20 mil em fundos como o Sparta (http://www.sparta.com.br/). Os outros 40 mil sugiro dividir entre ações de blue chips (grandes), small caps(pequenas com grande potencial) e fundos que acompanhem o Ibovespa ou o IBrX-50.

A diversificação é uma boa estratégia para assegurar uma rentabilidade continua com baixo risco. Dificilmente alguém fica rico rapidamente diversificando. Entretanto, também não há o risco de perder tudo.

Boa sorte em seus investimentos e me dê retorno da estratégia adotada.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Tesouro Direto

Segue um link bastante didatico explicando o funcionamento do tesouro direto. Vejam como é fácil investir em titulos publicos.

Aproveitando o tema de titulos publicos, há um artigo bastante interessante de um americano incentivando o investimento em titulos publicos no Brasil. Retornos esperados de 40%. É possivel? Sim, em dólar, desde que mantida a tendencia de apreciação do real.

Apenas para exemplificar como: um estrangeiro troca USD 10 mil por R$ 20 mil. Após um ano, tem aproximadamente R$ 22 mil (considerandop 10% de rendimento em 12 meses). No momento de converter para dólares, a cotação está R$ 1, 60 por dólar. Logo, ele troca seus R$ 22 mil por resulta em USD 13,750. Rendimento em USD? 37,5%.

http://www.dailywealth.com/archive/2009/may/2009_may_26.asp

Risco? Cambial. Se o dólar ficar acima da taxa convertida inicialmente ele terá prejuizos. Mas existem mecanismos de hedge (proteção). Num proximo artigo posso comentar mais sobre isto, visto que faz parte da minha rotina diária. Mas a ideia de hoje era apenas chamar a atenção para as possibilidades dos estrangeiros.

domingo, 31 de maio de 2009

Metrô

Como todo bom domingo em SP, o transito estava uma maravilha e o transporte publico funcionando de forma eficaz. Utilizei o metro hoje para acompanhar uma amiga até a rodoviaria e na volta tive o prazer de utilizar um dos 4 novos trens disponiveis na linha verde.

Sim, prazer ! O trem "cheira" a novo, tem ar condicionado e as janelas minimizam o ruido externo. Posso dizer até que a viagem foi bastante agradável! Por alguns momentos tive a sensação de estar no metro de Madrid, com trens novos e rapidos. Mentalmente comparei os principais sistemas de metro europeus. Londres sem dúvida possui o mais abrangente (e antigo também). Madrid o mais confortavel. Berlim o mais eficiente. Paris, Lisboa, Roma não apresentam nada em especial. Zurique apresenta os chamados "Tram", aqueles que percorrem trilhos colocados nas proprias ruas (os bondinhos de antigamente).

Mas por que estou falando sobre metrô? Primeiro para compartilhar com voces a satisfação de utilizar o transporte publico (coisa rara hoje em dia), segundo porque estes é um dos grandes gargalos do Brasil e merece nossa reflexão.

Tenho certeza que a grande maioria dos paulistanos gostaria de ver o metrô ampliado. Ainda que o governo do estado atualmente se esforce na expansão do metro, sabemos que ainda há um espaço muito grande até atingirmos uma rede satisfatoria. Também sabemos que metrô sozinho não resolveria o problema de São Paulo.

A segurança (ou falta de) inibe (e inibirá) a utilização do sistema de transportes publico por grande partes dos paulistanos. De qualquer modo o governo deve continuar investindo pesadamente em novas linhas de metrô ainda que o custo (financeiro) seja bastante alto e traga incovenientes ao já caotico transito da cidade. Devemos pensar que estamos pagando o preço por falta de investimentos passados e que no futuro teremos um transporte mais eficiente.


Como construir metrô é lento, o estado e o municipio deveriam,paralelamente, investir nas outras formas de transporte possiveis. Mais corredores de onibus, mais linhas, barateamento das tarifas dos taxis, tecnologia para monitoramento e otimização do transito e (por que não?) TRAMs.


Já imaginei uma linha extensa ligando diversos pontos na cidade. Seria muito mais barato construir esta rede, além de rapido e com menor impacto no transito atual (ou talvez não). Será que nossos engenheiros e especialistas em trafego já consideraram esta possibilidade?

Para as cidades menores como Campinas creio que seria a solução ideal ao metrô. Ainda que Campinas comportasse uma pequena (ou média) rede de metrô aos moldes de Budapeste(Hungria),na minha opinião TRAMs seria bastante adequado, ainda mais retornando aos velhos tempos aureos dos bondinhos na epoca do café (ainda encontrados no Taquaral). Inclusive creio que o prefeito atual tem um projeto neste sentido (Parabens prefeito! ps: apenas para constar que simpatizo com seu partido, mas devo reconhecer as melhorias implementadas na cidade).

Para a região sudeste, densa e com um sistema rodoviaria bastante desenvolvido (com destaque para o estado de Sao Paulo), a solução seria construir trens. O projeto do trem de alta velocidade interligando Campinas(Viracopos), Sao Paulo e Rio merece destaque. Se concretizado abrirá espaço para novas investidas neste modal. Não creio que conseguiremos implantar um trem bala japoneis, talvez nos mesmos moldes dos trens de alta velocidade espanhois e franceses.

No futuro, imagino as capitais da regiao sudeste interligadas por trens de alta velocidade (TAV). Sao Paulo, Rio, Vitoria, Belo Horizonte, passando por cidades chaves como Campinas, Uberlandia, Ribeirao Preto e outras.Brasil? Quem sabe um dia.

Nós, economistas, gostamos de traçar cenarios. Algo assim no Brasil num cenário pós 2050. Será? E na região sudeste, podemos imaginar para 2025? Talvez eu esteja sendo muito otimista. Num país fanatico por carros e com uma clara opção por rodovias, pensar num sistema ferroviario eficiente parece utopia.

Após esta breve divagação, concluo que, em minha humilde opinião, a solução está nos trilhos. Mas isto não soa como novidade, não é mesmo?

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Tesouro Direto, fundos ou CDBs?

Em artigos recentes discuti a estratégia para investimentos em poupança, fundos e CDBs. Com o indicador sendo o CDI (Certificado de Deposito Interbancário – taxa pela qual os bancos emprestam dinheiro entre si) a partir de R$ 500 já é possível encontrar CDBs mais rentáveis que a poupança e fundos DI.

Para falar a verdade, os fundos DI dificilmente valerão a pena. Como em geral estão carregados de títulos públicos atrelados a SELIC, seria mais interessante comprar diretamente os títulos públicos através do Tesouro Direto (http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto). Apenas alguns fundos investem em títulos privados que rende um percentual maior do CDI (por exemplo, a última emissão de títulos da Telemar estava pagando entre 115% e 120% do CDI). Logo, se você conseguir um CDB que paga 100% do CDI ou mais, já o torna mais interessante do que 99% dos fundos DI e dos títulos atrelados à SELIC. Por quê? Porque CDBs são isentos de custos de transação.

No caso de você não encontrar um CDB que pague 100% do CDI ou mais, mas encontre algo como 95%, deve-se ser feito um calculo comparando com o tesouro direto. Vamos considerar algumas hipóteses: para se operar no tesouro direto é necessário uma corretora ou banco. No banco do Brasil, é cobrado o valor de 0,4% por operação. Somado a isto há o valor da custodia anual de 0,3%. Comprando uma LFT (Letra Financeira do Tesouro) atrelada a SELIC, teríamos hoje 10,25 – 0,7 = 9,55. Com o CDI de hoje em 10,13%, temos que o titulo do governo está pagando 94,3% do CDI no primeiro ano. Seria mais interessante aplicar em um CDB. Para os outros anos teríamos 10,25 – 0,3 = 9,95 ou 98,20% do CDI.

Pesquisando um pouco mais, é possível encontrar corretoras que não cobram nada pelas operações no tesouro. No próprio site do Tesouro Direto há uma lista de instituições com as respectivas taxas. Então por que operar com o BB ou outros bancos que cobram? Pela comodidade. Não é necessário fazer novos cadastros, nem transferências, etc. Bem, eu opto pela economia à comodidade. No longo prazo esta diferença pode significar milhares de reais. Voltando ao exemplo com uma instituição que cobre 0%, teríamos os 98,20% do CDI já a partir do primeiro ano. Logo, um CDB pagando 95% não seria interessante.

Mas e os fundos DI? Dificilmente encontramos um fundo que cobre menos que 0,3% ao ano de taxa de administração. O pequeno investidor, em geral, se depara com taxas superiores a 1,5%. Há casos com taxas superiores a 4%.

Consideremos um fundo com 2%. Temos 10,25 – 2,00 = 8,25 / 10,13 (CDI) = 81,4%. Sim, é isto mesmo. Apenas 81,4% do CDI. No Banco do Brasil, o CDB de R$ 500 está pagando 85% do CDI.

Mas e os outros fundos de renda fixa pré-fixados? Esta é uma dúvida importante. Existem os títulos pós e pré-fixados. Os pós-fixados têm rendimento atrelado a SELIC, CDI ou mesmo inflação, enquanto os pré a taxa de retorno é conhecida no momento da compra. Com a queda da nossa SELIC, os fundos ou títulos pré-fixados renderam significativamente mais nos últimos tempos. Quem comprou títulos rendendo acima de 11% está com sorriso de orelha a orelha. Hoje os títulos com vencimento em Janeiro de 2010 estão rendendo 9,36%. Se o investidor acredita que os juros básicos da economia (SELIC) caiam ainda mais, é preferível comprar os títulos pré.

Outra alternativa para poupança de longo prazo é comprar títulos atrelados a indicadores de inflação como IGPM ou IPCA. Estes pagam um cupom, por exemplo, 7% ao ano mais a variação da inflação. Hoje, o titulo com vencimento em Maio de 2011 atrelado ao IPCA paga 5,86% mais a variação do IPCA. Se este ficar em 4,5% ao ano, seria 9,86 ao ano. Caso a inflação suba muito, o rendimento acompanha esta subida. Para poupanças de longo prazo, é muito interessante, pois garante um rendimento real igual ao cupom pago.

No momento atual de mercado, os títulos do governo estão com taxas baixas e declinantes, acompanhando as expectativas de baixa na SELIC. Entretanto, as aplicações em fundos de renda fixa, poupança ou CDBs sofrem do mesmo mal.

Em minha opinião, os que pensam no curto prazo (1 ano) e não acreditam em cortes mais agressivos da SELIC, CDBs com rendimento superior a 98% do CDI me parecem indicados. Aos que acreditam em cortes mais agressivos, seria melhor comprar títulos do governo pré-fixados mesmo para um horizonte até 2 anos. Acima disto e com horizonte de longo prazo, embora com cupons mais tímidos comparados ao histórico recente, os títulos atrelados a inflação seriam os mais apropriados.

domingo, 17 de maio de 2009

Auschwitz

Domingo é um bom dia para refletir, arrumar e separar coisas. Pois bem, estava eu separando algumas fotos de uma viagem pela Europa e resolvi compartilhar a visão de Auschwitz. É impossivel descrever a sensação. Todos deveriam um dia visitar aquele lugar para evitarmos que coisas deste tipo venham a ocorrer novamente.











Fotos de junho/2008.
 
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