sábado, 25 de junho de 2011

O mercado acionário em depressão

Relatório do Clube de Investimento

25 de junho de 2011

E estamos chegando ao final do primeiro semestre. A economia brasileira segue firme com as menores taxas de desemprego da serie histórica. A massa salarial segue crescendo. As pessoas continuam consumindo. O COPOM apertou o cinto da politica monetária com seguidas altas de juros (SELIC em 12,25%). Os investimentos para as Olimpiadas e a Copa do Mundo começam a aparecer. As empresas apresentaram resultados robustos com lucros significativos. O sistema financeiro está sólido com o crédito crescendo acima de 2 dígitos.

Qualquer um que lesse o paragrafo anterior diria que o IBOVESPA deveria ter subido nos primeiros seis meses do ano na esteira de dados econômicos tão positivos do lado da economia real. Não foi isto que ocorreu. Pelo contrário, até 22/06 o principal índice acionário do país amarga perdas de 11,7% no ano.

Em 2009 vimos uma FESTA exuberante no mercado acionário brasileiro, alta de quase 83%. No ano seguinte, veio a RESSACA: mercado estável com ligeira alta de 1%. Para 2011, era esperada uma recuperação da bolsa puxada pelo pujante consumo interno. NADA! A ressaca se prolongou tempo demais e com um BRL apreciado facilitando a importação de bebidas, os agentes e a bolsa caminham rumo à DEPRESSÃO. Na verdade, o IBOVESPA já apresenta um quadro depressivo.

O sujeito passou por maus momentos e entrou em depressão. Pouco a pouco a situação foi melhorando. A empresa bateu recorde de vendas e o camarada além de aumento ganhou bônus. Sob pressão da esposa trocou de carro e reformou a casa. Seu filho foi campeão no futebol e sua filha no volley. Sua mulher abriu um salão de beleza. Tudo parece bem, mas o sujeito continua desanimado.

Algo parecido acontece com a Bolsa. As coisas estão indo bem no Brasil, mas as ações não sobem. Atualmente o IBOVESPA está oscilando entre os 60 e 66 mil pontos. Os analistas técnicos estão preocupados caso o índice caia abaixo dos 60 mil. Os investidores e gestores estão desanimados. Isto não faz bem para o país.

Alguns argumentarão que o cenário externo é preocupante. E de fato é, mas há meses o mercado brasileiro está deslocado dos mercados mundiais. Há um mau humor generalizado. E é neste momento que devemos ser psicologicamente fortes, ter paciência e continuarmos comprando boas empresas.

Continuo com a mesma visão apresentada no inicio do ano. A recuperação nos EUA segue lenta e a pilha de dinheiro injetada pelo FED na economia continuará circulando por um longo período. Na Europa, caso a Grécia quebre as consequências serão imprevisíveis. Alemanha e França estão dispostas a pagar para ver o default grego? Os EUA deixaram o Lehman quebrar e o mundo continua sentindo o efeito disto até hoje.

Assim sendo, em minha opinião os países europeus tentarão até o ultimo momento evitar o calote grego. É claro que a Grécia precisa ajudar através da aprovação de um duro plano de austeridade e de um novo pacto social. Se isto ocorrer, mais um plano de ajuda será aprovado e os europeus comprarão um pouco mais de tempo. Melhor apostar em moedas dos países emergentes que contra o EUR.

Aproveitando este vai-e-vem da bolsa, fizemos algumas alterações em nosso portfolio durante o semestre. Com as parceiras anunciadas pelo banco INDUSVAL, o papel valorizou-se e aproveitamos para vender. Não está fácil para os bancos médios ganharem dinheiro com o custo de captação em alta.

Com lucro também vendemos GENERAL SHOPPING. As ações apresentaram valorização de 30% desde que a compramos a mais de 1 ano. Os bons resultados no quarto trimestre bem como a reestruturação financeira impulsionaram os papeis. Ora de vender e buscar outras oportunidades. Gosto do ativo, mas me preocupa como os bonds perpétuos impactarão as financeiras caso ocorra uma desvalorização cambial.

Vendemos também BROOKFIELD (BISA3). Os preços dos imóveis seguem em alta (embora a renda não acompanhe) e as construtoras apresentam consistente elevação nas vendas. Entretanto, acredito em um crescimento menor dos preços bem como dificuldade no lançamento de novos projetos. Com a inflação preocupando melhor colocar o dinheiro no bolso.

Por fim, vendemos Petrobras. As necessidades de investimentos e o mau humor pesam no valor de mercado da empresa. Em seu lugar aumentamos a posição em LUPATECH e compramos OGX. Não podemos ficar de fora do promissor setor de petróleo. Infelizmente baterem bastante em LUPA3. Como tudo no Brasil relacionado a investimento acontece devagar, os projetos que envolvem extração não avançam e a empresa não tem conseguido gerar caixa suficiente para satisfazer os investidores. A administração precisou sentar novamente para negociar o fluxo de pagamento dos seus títulos.

Mas as grandes duas decepções do trimestre foram CSN e POSITIVO. A primeira impactada diretamente pela tentativa da China de frear um pouco a economia uma vez que a inflação começa a preocupar. USD barato facilita a importação de aço. Menor demanda com maior produção na China pressionam os preços do aço para baixo. CSN sangra. A situação só não foi pior porque os preços do minério de ferro suavizaram a queda nas margens da siderúrgica. De qualquer modo, uma queda de 40% não tem justificativa. CSN continua com excelentes perspectivas para médio e longo prazo.

Já POSI3 tem sentido bastante a concorrência favorecida por um BRL apreciado. Os investidores ignoraram o forte desejo do brasileiro em comprar um computador e se desfizeram de posições na empresa. Como resultado, tivemos uma desvalorização de quase 50% no papel.

CREMER, nossa empresa de cuidados com a saúde ficou estável. Com a queda dos preços do algodão as margens devem voltar gradativamente. Observamos ligeira redução do lucro liquido no primeiro trimestre, mas a geração de caixa segue boa, bem como a distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio.

Para não ficarmos de fora do setor mais rentável do Brasil, montamos uma pequena posição em BRADESCO. Banco sólido, com participação ativa em grandes empresas tem como vantagem uma expressiva participação em seguros para o varejo. O consumo de seguros aumenta com a elevação da renda.

De bom mesmo só CIELO que deu de presente para seus acionistas uma bonificação de 20% em ações. Para cada 5 recebemos 1 e em seguida as ações foram grupadas na razão de 3 para 1. A Redecard parece ter dado uma trégua na guerra de tarifas e as margens devem apresentar estabilização. A maquininha de dinheiro continua rodando na CIELO. Cada dia mais gente passa a usar cartão de credito ou debito.

Em resumo, neste semestre aproveitamos para vender algumas ações que atingiram nossos objetivos e nos posicionamos em outras que acreditamos ter maior potencial até 2015. No ano, nosso portfólio apresenta desvalorização de 15,8%.

Nossa carteira atual está mais concentrada como uma estratégia para maximizar valor: 21% em CSNA3, 21% em LUPA3, 16% em OGXP3, 15% em CREM3, 15% em CIEL3, 8% em POSI3 e 3% em BBDC4.

A história nos ensina que nos momentos de pessimismo e crise é onde se encontram as melhores oportunidades. Continuaremos a comprar ações de empresas sólidas ou com boas perspectivas para os próximos anos. Com a bolsa caindo ou de lado, seguimos ainda com nossa estratégia de alugar ou lançar opções.

Bruno Massera

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Juros na zona do euro devem subir

"Maintaining price stability over the medium term is our guiding principle"

Analisei o comunicado do ECB (Banco Central Europeu) das ultimas 5 reuniões para tentar entender melhor os próximos passos na zona do euro. Em fevereiro, os dados de inflação já mostravam alta e o Council anunciou que “very close monitoring is warranted”. Em março as expectativas continuaram mostrando deterioração variando entre 2% e 2,6% para 2011. O ECB mudou o tom e anunciou que “Strong vigilance is warranted”.

Em abril, veio a alta de 0,25% declarando que “our decision will contribute to keeping inflation expectations in the euro area firmly anchored”. No mesmo pronunciamento baixaram o tom para “We will continue to monitor very closely”. Na reunião seguinte em maio, continuaram identificando pressão de alta, principalmente nas commodities e energia. Declararam que as expectativas “must remain firmly anchored”. Não mudaram o tom e mantiveram a expressão “we will continue to monitor very closely”. Reforçaram ainda que a estabilidade de preços no médio prazo é seu principal principio: “Maintaining price stability over the medium term is our guiding principle, which we apply when assessing new information, forming our judgements and deciding on any further adjustment of the accommodative stance of monetary policy.”

A reunião de junho chegou e o mercado esperava uma sinalização contundente de alta de 0,25% para Julho. Embora o Council não tenha sido tão explicito quanto esperado pelo mercado, o tom do comunicado foi duro e deixou as portas abertas para uma elevação de 0,25% na próxima reunião. O mesmo tom utilizado em março, antes do aumento dos juros em abril, voltou a constar do comunicado do ECB: “strong vigilance is warranted”. Além disto a expectativa de inflação para 2011 subiu para um range entre 2.5% e 2.7%. Para 2012, quase nenhuma alteração. Adicionalmente, o ECB declarou que os dados desde a reunião de maio quando optaram por aguardar a evolução dos dados antes de uma nova alta “confirms continued upward pressure on overall inflation ... On balance, risks to the outlook for price stability are on the upside”. Por fim, as duas expressões seguintes sinalizam que a autoridade monetária está firmemente comprometida com a ancoragem das expectativas de inflação: “We will do all that is needed to prevent recent price developments giving rise to broad-based inflationary pressures. We remain strongly determined to secure a firm anchoring of inflation expectations in the euro area”.

Baseado nestas informações, no firme compromisso do ECB com a inflação, na continuidade da política monetária do FED em manter USD fraco (ampla liquidez e juros baixos) e, consequentemente, sustentação nos preços das commodities, minha opinião é que há uma grande possibilidade de elevação de juros na Europa na reunião de Julho. Se o ECB optar por aguardar mais uma reunião em virtude de melhora marginal no cenário e os preços das commodities e de energia não mostrarem sinal de queda, o Council não terá alternativas exceto a elevação dos juros em algum momento do segundo semestre.

A queda recente do EUR não altera meu call de que a moeda única européia seguirá mais forte que o USD no curto prazo.

Frankfurt am Main, 3 February 2011

To sum up, the current key ECB interest rates still remain appropriate. We therefore decided to leave them unchanged. Taking into account all the new information and analyses which have become available since our meeting on 13 January 2011, we continue to see evidence of short-term upward pressure on overall inflation, mainly owing to energy and commodity prices. This has not so far affected our assessment that price developments will remain in line with price stability over the policy-relevant horizon. At the same time, very close monitoring is warranted. Recent economic data confirm the positive underlying momentum of economic activity in the euro area, while uncertainty remains elevated. A cross-check of the outcome of our economic analysis with that of the monetary analysis indicates that inflationary pressures over the medium to long term should remain contained. Inflation expectations remain firmly anchored in line with our aim of keeping inflation rates below, but close to, 2% over the medium term. The continued firm anchoring of inflation expectations is of the essence.

Frankfurt am Main, 3 March 2011

The March 2011 ECB staff macroeconomic projections for the euro area foresee annual HICP inflation in a range between 2.0% and 2.6% for 2011 and between 1.0% and 2.4% for 2012. In comparison with the December 2010 Eurosystem staff macroeconomic projections, the ranges for HICP inflation have been shifted upwards.

To sum up, the Governing Council decided to leave the key ECB interest rates unchanged. The information which has become available since our meeting on 3 February 2011 indicates a rise in inflation, largely reflecting higher commodity prices. The economic analysis indicates that risks to the outlook for price developments are on the upside, while the cross-check with the monetary analysis indicates that the underlying pace of monetary expansion remains moderate. Recent economic data confirm that the underlying momentum of economic activity in the euro area remains positive; however, uncertainty remains elevated. The current very accommodative stance of monetary policy lends considerable support to economic activity. It is essential that the recent rise in inflation does not give rise to broad-based inflationary pressures over the medium term. Strong vigilance is warranted with a view to containing upside risks to price stability. Overall, the Governing Council remains prepared to act in a firm and timely manner to ensure that upside risks to price stability over the medium term do not materialise. The continued firm anchoring of inflation expectations is of the essence.

Frankfurt am Main, 7 April 2011

To sum up, the Governing Council decided to increase the key ECB interest rates by 25 basis points. The adjustment of the current very accommodative monetary policy stance is warranted in the light of upside risks to price stability that we have identified in our economic analysis. A cross-check with the signals from our monetary analysis indicates that while the underlying pace of monetary expansion is still moderate, monetary liquidity remains ample and may facilitate the accommodation of price pressures. All in all, it is essential that the recent price developments do not give rise to broad-based inflationary pressures over the medium term. Our decision will contribute to keeping inflation expectations in the euro area firmly anchored in line with our aim of maintaining inflation rates below, but close to, 2% over the medium term. Such anchoring is a prerequisite for monetary policy to contribute to economic growth in the euro area. At the same time, interest rates across the entire maturity spectrum remain low. Thus, the stance of monetary policy remains accommodative and thereby continues to lend considerable support to economic activity and job creation. Recent economic data confirm that the underlying momentum of economic activity continues to be positive, with uncertainty remaining elevated. We will continue to monitor very closely all developments with respect to upside risks to price stability.

Helsinki, 5 May 2011

To sum up, based on its regular economic and monetary analyses, the Governing Council decided to keep the key ECB interest rates unchanged following the 25-basis point increase on 7 April 2011. The information that has become available since then confirms our assessment that an adjustment of the very accommodative monetary policy stance was warranted. We continue to see upward pressure on overall inflation, mainly owing to energy and commodity prices. A cross-check with the signals coming from our monetary analysis indicates that, while the underlying pace of monetary expansion is still moderate, monetary liquidity remains ample and may facilitate the accommodation of price pressures. Furthermore, recent economic data confirm the positive underlying momentum of economic activity in the euro area, with uncertainty continuing to be elevated. All in all, it is essential that recent price developments do not give rise to broad-based inflationary pressures. Inflation expectations in the euro area must remain firmly anchored in line with our aim of maintaining inflation rates below, but close to, 2% over the medium term. Such anchoring is a prerequisite for monetary policy to make an ongoing contribution towards supporting economic growth and job creation in the euro area. With interest rates across the entire maturity spectrum remaining low and the monetary policy stance still accommodative, we will continue to monitor very closely all developments with respect to upside risks to price stability. Maintaining price stability over the medium term is our guiding principle, which we apply when assessing new information, forming our judgements and deciding on any further adjustment of the accommodative stance of monetary policy.

Frankfurt am Main, 9 June 2011

The June 2011 Eurosystem staff macroeconomic projections for the euro area foresee annual HICP inflation in a range between 2.5% and 2.7% for 2011 and between 1.1% and 2.3% for 2012. In comparison with the March 2011 ECB staff macroeconomic projections, the range for HICP inflation in 2011 has been revised upwards, largely reflecting higher energy prices. The projection range for 2012 has narrowed somewhat.

To sum up, based on its regular economic and monetary analyses, the Governing Council decided to keep the key ECB interest rates unchanged. The information that has become available since our meeting on 5 May 2011 confirms continued upward pressure on overall inflation, mainly owing to energy and commodity prices. A cross-check of the outcome of the economic analysis with that of the monetary analysis indicates that the underlying pace of monetary expansion is gradually recovering. Monetary liquidity remains ample, with the potential to accommodate price pressures in the euro area. Furthermore, the most recent data confirm the positive underlying momentum of economic activity in the euro area, while uncertainty remains elevated. Overall, our monetary policy stance remains accommodative, lending support to economic activity. On balance, risks to the outlook for price stability are on the upside. Accordingly, strong vigilance is warranted. On the basis of our assessment, we will act in a firm and timely manner. We will do all that is needed to prevent recent price developments giving rise to broad-based inflationary pressures. We remain strongly determined to secure a firm anchoring of inflation expectations in the euro area in line with our aim of maintaining inflation rates below, but close to, 2% over the medium term. This is a prerequisite for monetary policy to make an ongoing contribution towards supporting growth and job creation in the euro area.
 
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