quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Educação Financeira - Mesadas

No Jornal Regional de hoje, a equipe da EPTV de Campinas preparou uma matéria bastante interessante sobre a Educação Financeira dos filhos. Convidou algumas crianças de 11 a 12 anos, além de adolescentes, uma psicóloga e um economista. Foi o incentivo que faltava para eu iniciar a abordagem sobre este tema no blog. A Educação Financeira é uma de minhas grandes paixões e pretendo investir meu esforço na realização de projetos nesta área.

Pois bem, a base da matéria constituiu-se na Mesada. Como a mesada dada pelos pais ou familiares contribui (ou prejudica) no aprendizado financeiro dos filhos. Foram apresentados jovens que gastam tudo que lhes é dado enquanto outros conseguem poupar para a aquisição de bens. Tanto a psicóloga quanto o economista apresentaram seu apoio no uso da mesada como forma de educar financeiramente os filhos, desde que a família ORIENTE e ACOMPANHE as crianças no uso deste dinheiro. É fundamental que a família participe na gestão da mesada, discutindo onde o filho pretende gastar, o que significa aquele montante, ajudando na poupança de certa quantia, etc. Ainda destacam que além da mesada existem muitas outras formas de complementar a educação financeira tais como levando os filhos para o supermercado e discutindo a lista de compras ou ainda a realização/cancelamento de viagens e passeios em função das restrições familiares, dentre outros.

Sem dúvida alguma a mesada é uma excelente forma de aprendizado pois é através da prática que a criança se familiarizará com o dinheiro. Foi assim comigo. Lembro-me que comecei a ganhar minha mesada no início do plano real. Algo como R$ 20,00 e foi crescendo R$10,00 a cada ano até o final da oitava serie, 1998. Antes disso eu tinha uma poupança, mas era compulsória. Meus parentes depositavam e eu não podia mexer. Então, parte do dinheiro da minha mesada eu gastava e parte eu poupava para comprar alguma coisa de maior valor. Lembro-me que minha maior aquisição foi o Super Nintendo, na época custava R$ 180,00. Vocês podem imaginar o esforço que eu tive que fazer para adquirir este vídeo game.

Mas só a mesada não basta. A orientação e o acompanhamento dos pais é fundamental. E é aqui onde reside o problema. Poucas são as crianças que têm a felicidade de poder contar com a participação dos parentes de forma ativa e eficiente. Num país onde a maior parte da população mal consegue ler um texto, tratar de assuntos que envolvam finanças é extremamente complicado. Podemos ver isto todos os dias na rua. Pessoas seduzidas por compras parceladas com juros altos e parcelas pequenas nas compras dos mais diferentes itens: eletrodomésticos, carros, imóveis. Além disto, vemos milhares de pessoas com problemas nos cartões de créditos, cheque especial, cheques sem fundo. Já algumas um pouco melhores conseguem guardar algo na poupança e acabam não investindo em produtos mais rentáveis por puro desconhecimento. Como exigir que as crianças saibam como administrar suas mesadas se o exemplo que deveria vir de casa é insatisfatório ?

Aqui entra a Educação Financeira nas escolas. Lá a criança poderá aprender conceitos do mundo das finanças como planejamento, juros, alternativas de investimento, etc de uma forma lúdica, didática e também prática, pois certamente envolverá assuntos do cotidiano como mesada, compras de video-game, jogos, viagens e por aí afora. As possibilidades são vastas.

Poucos países no mundo contam com programas de Educação Financeira nas escolas (ou formas de) mas a cada dia as pessoas se dão conta da importância de entender de finanças para administrar sua própria casa. Nomes de peso como Allan Greenspan (The Importance of Financial Education Today, 2005) já destaracam a relevância deste tema nos dias de hoje.

Felizmente o Brasil também vem caminhando nesta direção. Já existem alguns projetos em andamento em algumas escolas, colégios, cooperativas mas nada oficializado ainda. Nesta linha, o Banco Central e a Comissão de Valores Imobiliários vêm discutindo um programa de inclusão da Educação Financeira nas escolas públicas. O Estado de São Paulo, através do deputado André Soares, também discute a inclusão de uma disciplina obrigatória para o Ensino Médio. Iniciativas louváveis, mas que dado o histórico de nosso país, tardarão anos para entrar em ação. Assim, acredito que as iniciativas privadas poderão ter efeito transformador maior no curto prazo.

Este ano, junto com um grupo multidisciplinar de pessoas interessadas no assunto, pretendemos bolar algo de concreto para a implementação de um programa de Educação Financeira nas escolas. Caso tenha interesse em participar ou saiba de iniciativas neste sentido, entre em contato comigo (bruno.massera@gmail.com)

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